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December 01, 2020

Natal de outros tempos de crise - 1942

 


1 - Bicha em Lisboa para a obtenção de senhas de racionamento, 1943.
2. - Distribuição de senhas de racionamento, no Porto, anos 40.
3 - Senhas para o pão, anos 40.






O Racionamento


Pelo Natal de 1942, em plena crise nacional agravada pelas chagas da guerra, o Instituto Nacional de Estatística refere que a alimentação dos portugueses se baseia na broa com umas três ou quatro sardinhas salgadas, mais ou menos batatas, duas tigelas de caldo com legumes secos. Na população rural o problema agrava-se, achando-se a maioria das pessoas em estado de subalimentação, com regime insuficiente, tanto em qualidade como em quantidade. Se o trabalho falta e o merceeiro não fia, apenas um dia ou outro calará a fome com um prato dado à míngua e por caridade, lê-se no relatório.

As manifestações de protesto e as greves desencadeiam-se um pouco por todo o lado. Ocorrem dezenas de motins campesinos no Minho e em Trás-os-Montes contra as requisições de cereais feitas pelo Estado, a falta de géneros alimentícios e, em alguns casos, a perseguição policial à recolha e venda ilegal de volfrâmio. A repressão do Estado, porém, não impede alguns aumentos salariais que rompem a política de contenção, acelerando assim a espiral inflacionária que acaba por prejudicar quem depende do rendimento de trabalho. Salazar alarga o racionamento de bens essenciais, até então só existente para a gasolina e a electricidade, o que atira o povo para maior penúria e para o inferno do mercado negro. A fruta e o peixe tornam-se praticamente proibitivos, fora de controlo o leite surge falsificado com água e o açúcar aparece misturado com farinha.

Quem pode, quem tem um palmo de terra que seja, planta legumes, e criar galinhas, coelhos ou patos, em gaiolas improvisadas, caixas ou até em casa. Os cães vadios rareiam nas ruas: nesse tempo sabem como cabrito. A sujeição dos produtos ao racionamento é progressiva: o arroz, açúcar, bacalhau, massa, sabão, azeite, óleo, manteiga, café, cacau, cereais, farinhas. Até o pão não escapa e passa a ser reduzido, o branco, a 120 gramas por dia e por pessoa ou, em alternativa, o pão escuro a 180 gramas. A batata é meio quilo por semana e por pessoa. O racionamento não seria só nesse tempo, nesse Natal. Prolongar-se-ia para além da guerra, por mais Natais...



April 01, 2020

Nim



Crise no governo da Holanda nasce após posição "repugnante"

As críticas de António Costa, seguidas de reações das diplomacias espanhola e italiana, estão a causar polémica dentro do próprio executivo de Mark Rutte e na sociedade holandesa.

Não,
não percebemos as palavras e a posição do ministro holandês e de outros do Norte relativamente aos problemas dos do Sul quando impuseram uma ditadura de austeridade e emprestaram dinheiro com juros de usuário e não de parceiro que quer ajudar. Assim é difícil pagar.

Sim,
percebemos o medo que os países do Norte têm em comprometer-se conjuntamente com os do Sul, pelo menos no que respeita ao nosso país.
Desde o 25 de Abril já tivemos, quantos resgastes pelo FMI e troika? 4? 

De dez em dez anos vamos à falência e temos que pedir dinheiro. O dinheiro vem e desaparece nos corredores dos ministérios: é o amigo banqueiro que quer 500 milhões para um projecto turístico e em troca convida o ministro para as suas festas e férias selectas; é o da sociedade de advogados que cobra pareceres a 100 mil euros e promete emprego ao filho do senho ministro; é o secretário de Estado que tem um primo com uma empresa e queria um contrato com o Estado, é o próprio ministro que sempre sonhou ter uma quinta em Sintra, são os deputados que aumentam as suas alcavalas e não se submetem ao fisco; são os do partido que querem contratos para os da terra que os elegeram; são as empresas multinacionais que querem contratos e oferecem empregos, etc., etc., etc. 

Veja-se este ministro das finanças, com esta fama de ser muito bom, como deixou o país à míngua, com serviços públicos depauperados e cheio de empregos precários, e como vai sacar dinheiro a todo o lado: à segurança social, aos impostos brutais, à caixa de previdência, aos fundos de pensões, à ADSE, enfim, saca todo o dinheiro que contribuímos e depois o dinheiro pura e simplesmente desaparece no ministério das finanças. De vez em quando sabemos que vai enfiar 2 mil milhões num banco, ou 500 milhões numa PPP... andamos sempre pobres com o pretexto da dívida e esta sempre a aumentar.

March 25, 2020

Acerca das falsas dicotomias a propósito do Coronavirus



... que põem de um lado a necessidade de isolamento para impedir a progressão do vírus e de outro a crise económica desencadeada por esse isolamento: a escolha não é entre termos isolamento agora e crise económica daqui a três meses ou quatro, porque se não temos isolamento agora, teremos isolamento ainda mais drástico daqui a três meses ou quatro e uma crise económica ainda maior. Parece-me que a Itália mostrou isto. Portanto, quanto mais depressa se entrar na curva descendente da epidemia e se puder atenuar o isolamento, mais depressa se pode atenuar a crise económica.