October 09, 2025

Tudo munda e nada muda

 


Mariamne deixando o tribunal de Herodes (1887) por John William Waterhouse (pintor pré-rafaelita)
Óleo sobre tela - 259 x 180 cm 
Colecção da revista Forbes

Esta imagem é uma das pinturas mais dramáticas de Waterhouse.
Conta a história de Mariamne the Hasmoneu que viveu entre (54 a.C e 29 a.C). Teve a sua vida interrompida pela ordem de execução de Herodes.

Mariamne era considerada a favorita das dez esposas do rei Herodes e tinha fama de ser muito bonita.

Os hasmoneus eram rivais de Herodes e vários deles conspiraram contra a influência de  Mariamne em Herodes. Herodes achava-a tão bonita que estava convencido que se lhe acontecesse qualquer coisa ela casaria com outro, ideia que ele não suportava. Então, de cada vez que viajava, Herodes dava ordens para que ela fosse executada no caso de não voltar vivo e para que a irmã dela, Salomé, herdasse o trono.

Mariamne soube destas ordens e não o perdoou. Tornou-se fria e distante dele. Recusou deitar-se com ele. Salomé aproveitou a distância entre eles para conspirar contra ela e espalhar rumores da sua infidelidade. Herodes, que exigia respeito de todas as mulheres em forma de fidelidade, apesar de não ter respeito por nenhuma pois substituia umas por outras, acreditou nos rumores, acusou-a de adultério e condenou-a à morte.   

Esse é o tema desta pintura. Mariamne é aqui retratada vestida de branco, para indicar a sua inocência, com os braços amarrados e os punhos cerrados, de impotência, talvez, já a descer as escadas, em direcção ao seu destino. Vê-se, am baixo à direita, um arco com uma entrada escura que simboliza o seu trágico destino para o mundo subterrâneo, decidido por anciãos patriarcas, indiferentes aos destino dela e de todas as mulheres que olham como propriedade. 

Herodes, no entanto, baixa a cabeça com vergonha -sabe perfeitamente o que está a fazer- por não conseguir enfrentar o olhar dela que vira a cara para ele com uma expressão calma e fria de desprezo. Ela, que ocupa todo o centro da pintura, não pede clemência nem se emociona. Já esperava esta traição dele.

Tudo muda e nada muda.

Diz-se que por amor a ela, Herodes manteve o seu corpo preservado em mel durante sete anos. Josephus relata também que, após a morte de Mariamne, Herodes tentou esquecer a sua perda com caçadas e banquetes, mas que acabou por adoeceu e sucumbir em Samaria, onde tinha casado com Mariamne. 

A Torre Mariamne em Jerusalém, também chamada «Rainha», foi construída por Herodes e baptizada em sua homenagem.

Modelo de Jerusalém, Palácio de Herodes, o Grande, As três torres: Phasael, Hippicus, Mariamne, da esquerda para a direita

Para quem queira ler a história completa desta tragédia:

páginas 459 e segs. (abaixo)






No comments:

Post a Comment