Estas são palavras de Filinto Lima, um director que geralmente alinha pelo governo(!)... ora, vejamos: quem faz canalhices é o quê? E uma canalhice não é uma coisa porca de se fazer?
Este desenho é de Bordalo Pinheiro.
BP não punha a porca da política com rosto reconhecível (nem os leitões que chafurdam na porcaria) porque ninguém é burro e todos percebiam o que ele estava a dizer de quem, de maneira que não é necessário ser ordinário.
Quanto ao que se diz no artigo das famílias já terem visto o seu horário de trabalho sacrificado na pandemia e agora têm-no com as greves, quem escreve este artigo esquece-se que os professores também têm famílias, que durante a pandemia, enquanto o ministro Brandão andava a passear e só se lembrou que eram precisos computadores ao fim de um ano, os professores passaram a trabalhar todos os dias até à meia-noite, a pagar do seu bolso computadores, internet, etc. para os minimizar o mais possível os prejuízos nas aprendizagens.
Ninguém nos bateu palmas, antes pelo contrário, assim que saímos da pandemia lá tínhamos o agora ME a dizer que os professores não fazem nada, que só querem chumbar alunos, que estão todos de baixa, que ele é que vai decidir o que é melhor para os professores, etc. , sempre com o apoio de Costa, primeiro-ministro. Então isto não é tudo uma canalhice, uma porcaria? Perseguir grávidas não é uma canalhice?
E isto passa-se ao mesmo tempo que assistimos a que dê sete anos de descongelamento aos outros funcionários públicos, que dê dezenas de milhões a um tipo qualquer da TAP, a que ministras falseiem o currículo de um do PS para que receba dezenas de milhares de indemnizações, a que o Parlamento faça passar leis para safar tipos do PS que prevaricaram, a que ministros se usem do SIS para perseguir oponentes... então isto não é tudo uma porcaria? Uma falta de respeito?
Esta falta de respeito dura desde o tempo da Lurdes Rodrigues. Nessa época em que todos os dias saiam artigos nos jornais a denegrir professores, acho que o pior que li foi um artigo (já não sei em que jornal), a propósito daquelas aulas de substituição que não resolviam problema nenhum e criavam indisciplina, a gozar, aconselhando os professores que ficavam horas sem fazer nada à espera que alguém faltasse, a f..... uns com os outros, pois assim sempre faziam algo de útil ao país dado a falta de nascimentos. Que tipo de pessoas escrevem e mandam escrever estas coisas? Deixa ver...? Porcas...?
Gostava que alguém com acesso a jornais, fizesse esse trabalho de ir buscar todas as ofensas ordinárias e porcas (sim, porcas) que os amanuenses do governo PS escreveram para destruir os professores. Isto dura há quase vinte anos. E nem mesmo com o trabalho e o sacrifício que os professores fizeram durante a pandemia mudou o discurso de desprezo e as políticas de desinteresse do ME e do primeiro-ministro mudaram.
Sim, estamos cansados e os pruridos de virgem ofendida da mulher do primeiro-ministro que vai a correr defender o maridinho que joga a cartada do racismo para se fazer de vítima, a mim não me impressionam. Quer dizer, o primeiro-ministro dizer que é vítima de injustiça é o cúmulo da falta de noção de si mesmo e das suas políticas.
Sim, as greves prejudicam os alunos, mas prejudica mais não terem professores e as políticas educativas deste ministro e deste primeiro-ministro que beneficiam privilegiados e fecham caminhos aos desfavorecidos.
Há umas semanas, uma colega nova na escola -nova em idade e na profissão- que vem de fora todos os dias, disse-me que se fizer duas greves já não tem dinheiro para comprar comida até ao fim do mês. Não tem horário completo e ganha menos do que os funcionários auxiliares no quadro da escola.
Na sexta-feira, numa reunião, uma colega disse que para cumprir o programa, dadas as greves, deixou de fazer as aulas práticas e que vai fazê-las agora nestas duas semanas, porque é importante para os alunos. Quer dizer, vai trabalhar de borla.
Outra colega que é coordenadora duma valência que abrange todas as turmas da escola e é um trabalho infernal de burocracia, usou as horas da coordenação para dar apoio aos alunos na sua disciplina para compensar os dias sem aulas por causa das greves. Como o trabalho da coordenação teve que ser feito na mesma, andou a fazer carradas de horas extra, de borla.
Estes são trabalhos que os professores fazem e nem dizem a ninguém. Disseram-me por acaso, porque veio à conversa. É com isto que o ME conta. Não é uma canalhice?
Para dizer a verdade, os professores andam em greves e manifestações desde 9 de Dezembro. Mais de um centena de milhar de professores fizeram manifestações durante semanas a fio e nunca houve um único indicente, apesar do assédio da polícia, dos jornais e do governo.
E estes são os factos.
O ano letivo marcado por greves escreve-se com instabilidade
Paula Sofia Luz
Professores acreditam que as greves - que marcaram este ano letivo - não prejudicaram os alunos. Não mais do que a falta de docentes em muitas escolas do país. Mas os Centros de Explicações crescem, registando inusitada procura em época de exames.
"Depois da pandemia tivemos a guerra, depois veio a inflação, e todas as pessoas notam o aumento do custo de vida, que afeta maioritariamente as famílias com filhos em idade escolar. Foram essas que tiveram que aumentar o horário de trabalho, para conseguirem ter dinheiro até ao fim do mês. Isso quer dizer que ausentaram-se ainda mais horas das suas casas", refere. "No meio disto temos o descontentamento profundo dos professores, que entendemos, mas o estilo de greve trouxe desagrado e instabilidade aos pais", sublinha Mariana Carvalho.
(...)
Que impacto poderão ter tido as greves neste ano letivo?
Que impacto poderão ter tido as greves neste ano letivo?
As greves terão tido algum impacto neste ano letivo, mas esse não é comparável - nem de perto, nem de longe - ao facto de termos centenas de turmas e milhares de alunos sem aulas por falta de professor, desde o princípio do ano letivo. Nalgumas escolas durante meses, noutras isso continuou a prolongar-se. Temos aqui um problema sério de falta de professores; uma carreira que realmente não é atrativa, para além de um conjunto de outras questões que se prendem com a burocracia e indisciplina. O próprio modelo de gestão autocrático que temos nas escolas, e um conjunto de fatores que a tornam uma profissão de desgaste e exaustão, além da precariedade, e do afastamento das famílias.
E há razões para isso?
Claro que não. Os pais têm de compreender que os professores estão completamente no seu limite, com anos e anos a dar o melhor de si, e todas as suas reivindicações têm sido completamente ignoradas. Há uma falta de respeito total pelos professores, e uma falta de justiça dentro das escolas.
Mesmo com a chamada "correção de assimetrias" e "acelerador de carreiras"?
No fundo, o que o Ministério está a fazer é dar umas migalhas a meia dúzia de professores, que depois retira aos outros e não dá rigorosamente nada. Portanto, vai criar ainda mais injustiças. Veja-se o caso das vagas para o 5º e 7º escalão. Para alguns professores foi criada a isenção de vaga. É o caso daqueles que durante todo o período do congelamento de carreiras - 9 anos, quatro meses e dois dias - estiveram sempre ao serviço e entraram no sistema antes de 2005, isto com horários completos e anuais. O que é que isto significa? Uma canalhice, na verdade. Porque se o professor tiver 9 anos, 4 meses e 1 dia, já fica afastado. E como imagina, a grande maioria dos contratados não teve sempre horários completos e anuais...
E há razões para isso?
Claro que não. Os pais têm de compreender que os professores estão completamente no seu limite, com anos e anos a dar o melhor de si, e todas as suas reivindicações têm sido completamente ignoradas. Há uma falta de respeito total pelos professores, e uma falta de justiça dentro das escolas.
Mesmo com a chamada "correção de assimetrias" e "acelerador de carreiras"?
No fundo, o que o Ministério está a fazer é dar umas migalhas a meia dúzia de professores, que depois retira aos outros e não dá rigorosamente nada. Portanto, vai criar ainda mais injustiças. Veja-se o caso das vagas para o 5º e 7º escalão. Para alguns professores foi criada a isenção de vaga. É o caso daqueles que durante todo o período do congelamento de carreiras - 9 anos, quatro meses e dois dias - estiveram sempre ao serviço e entraram no sistema antes de 2005, isto com horários completos e anuais. O que é que isto significa? Uma canalhice, na verdade. Porque se o professor tiver 9 anos, 4 meses e 1 dia, já fica afastado. E como imagina, a grande maioria dos contratados não teve sempre horários completos e anuais...
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