November 08, 2022

O que se fizer agora, ecoa no futuro, como dissuasor ou facilitador de agressões injustas e totalitárias

 


A guerra da Rússia na Ucrânia lembra, "A Oeste Nada de Novo”, o livro de Erich Maria Remarque, publicado em 1929, acerca do que são as guerras: uma violência inútil desencadeada pela ambição e arrogância de alguns líderes -É muito estranho que a infelicidade do mundo seja tão frequentemente trazida por homens pequenos - que desencadeiam a miséria e o sofrimento de milhares ou milhões. 
Ele escreve em cima das suas experiências da Primeira Grande Guerra, onde foi soldado e a obra fala sobre a ruína de países inteiros e a morte prematura e obscena de jovens que ainda nem atingiram a maioridade. 

"Sou jovem, tenho vinte anos de idade; no entanto não sei nada da vida a não ser desespero, morte, medo e superficialidade fátua lançada sobre um abismo de tristeza. Vejo como os povos são postos uns contra os outros, e em silêncio, inconscientemente, insensatamente, obedientemente, inocentemente, matam-se uns aos outros".

O livro de Erich Maria Remarque, embora não tenha sido escrito como um manifesto pacifista, é exactamente isso. 

Este livro não deve ser nem uma acusação nem uma confissão, e muito menos uma aventura, pois a morte não é uma aventura para aqueles que estão frente a frente com ela. Tentará simplesmente falar de uma geração de homens que, apesar de terem escapado das balas, foram destruídos pela guerra.

A guerra da Rússia na Ucrânia lembra, a todo o momento, esta obra de Erich Maria Remarque: uma guerra desencadeada por um pequeno homem arrogante e vaidoso que atira para a miséria dezenas de milhões, arruina um país, ameaça o mundo de destruição nuclear e mata jovens que ainda agora começaram a vida. "Temos tanto para dizer, e nunca o diremos", diz uma das personagens do livro.

A tragédia de deixar de crer no mundo e nos outros:

Já não éramos jovens. Perdemos qualquer desejo de conquistar o mundo". Somos refugiados. Estamos a fugir de nós próprios. Das nossas vidas. Tínhamos dezoito anos e tínhamos acabado de começar a amar o mundo e a amar estar nele, mas tivemos de disparar contra ele. A primeira bala foi directamente para os nossos corações. Fomos cortados da verdadeira acção, de continuar, do progresso. Já não acreditamos nessas coisas; acreditamos na guerra.

O desencanto com a civilização:

Deve ser tudo mentira quando a cultura de mil anos não conseguiu impedir que este fluxo de sangue fosse derramado, estas centenas de milhares de câmaras de tortura. Só um hospital mostra o que é a guerra.

Quando vejo as imagens de Mariupol, de Bucha e do dia-a-dia da guerra penso nesta obra de Erich Maria Remarque que pretendia ser uma mostra do horror da guerra com o fito de desencadear a repulsa da guerra.

A Europa, que nem sempre age bem, desta vez uniu-se contra o mal da guerra imperialista e colonialista. O que se fizer agora, ecoa no futuro, como dissuasor ou facilitador de agressões injustas e totalitárias, que ameaçam o mundo inteiro com uma cortina de destruição, morte, repressão e loucura.

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