July 07, 2020
Vivemos numa época filosófica - aproveite-se
Heraclito dizia que o logos — a razão que governa o mundo, digamos assim — habita os seres humanos, mas na maior parte permanece adormecido.
Uma maioria de pessoas vive apressada, esgota-se nas acções-rotinas do dia-a-dia, nos afazeres, no consumo, nas metas e objectivos próximos, nos projectos em curso, nos prazeres e desejos imediatos, no quotidiano da vida sem mais. Vive adormecida. De repente, a pandemia criou uma situação-limite, de vida e de morte, que obrigou a parar e nessa paragem a razão acordou, liberta do quotidiano desenfreado e começou a ponderar sobre: a urgência da vida, as prioridades (família, as pessoas), a relação com o meio ambiente, a relação com os outros animais, a relação com o trabalho, o valor da ciência, a garantia de verdade, o valor da educação, o vazio do consumismo, a dignidade humana, a responsabilidade ética para com os outros, a procura de verdade no meio do excesso de informação, a ética política, a necessidade dos outros, a inter-conexão de todos, a solidão, o equilíbrio e a brevidade da vida.
Todas estas questões são agora discutidas em todo o lado, desde as redes sociais aos meios de comunicação, todos os dias. Ora, o que são estas questões senão questões filosóficas? É nas situações de ruptura com o quotidiano que as questões filosóficas se impõem e a razão acorda. Que se seja capaz de mudar as agulhas das linhas por onde correm os comboios da vida comum antes que a razão se adormeça de novo.
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