June 26, 2020

Coisas que me preocupam muito - ver o ME não se preocupar ao ponto de dar passos para resolver os problemas



Estamos a dois meses e meio de começar o próximo ano lectivo e, nem o governo, nem o ME dão passos para organizar o próximo ano de maneira que ele possa ser presencial: isto implica reduzir as turmas de 30 alunos para metade, desencontrar horários, desmaterializar o trabalho burocrático e mais  mil e uma coisas. Por exemplo, vai ser preciso reforço de aprendizagens para muitos alunos. Por exemplo, as reuniões de pais terão de ser em pequenos grupos de uma dúzia e não mais e terão de haver outros canais de comunicação que não obriguem os professores a ficar nas escolas horas, todos juntos, à espera que apareça um encarregado de educação. Eu e muitas pessoas como eu que pertencem a grupos de risco, estamos dependentes de saber como as coisas vão ser organizadas para saber se podemos voltar à escola, fisicamente, quero eu dizer. Não posso ir para lá 4, 5 ou mais horas de enfiada, em salas cheias de gente, seja a de aulas, seja a de DT ou a de professores... a ter de usar o frigorífico, a casa-de-banho... por exemplo, seria possível ir lá nas pontas do horário. Entrava, ia direita à sala de aula, dava as aulas e vinha-me embora, sem ter que passar por aglomerados de pessoas... ou outra solução qualquer... por exemplo, este ano, vou à escola (daqui a três semanas) num dia em que haja um daqueles exames que só tem meia dúzia de alunos, de maneira que a escola esteja vazia, para acabar de tratar de assuntos burocráticos das DT... por exemplo, se este ano me chamarem para ver exames nacionais, o que é o mais certo, vou ter que ligar para o Agrupamento de Exames e combinar ir levantar os exames a uma hora que estejam lá poucas, ou nenhuma pessoa. Para entregá-los a mesma coisa.
Não vejo o ME minimamente preocupado com a questão de assegurar que há condições de trabalho.
Ontem uma colega disse-me que para o ano que vem não está a pensar ir à escola. É uma pessoa com problemas de saúde complicados e disse-me que acha que não vai haver nenhuma mudança que permita ir com alguma confiança à escola.
Os deputados já se recusaram a reduzir o número de alunos por turma. Isso para mim é um indicador óbvio de uma de duas situações: ou não têm noção da gravidade da questão (talvez façam parte do gang das festas algarvias) ou estão-se nas tintas para a vida dos outros.
Soubemos que a reunião do sindicato com o ME deu em nada: uns elogios aos professores e palmadinhas nas costas. Mais nada.
Hoje foi o último dia de aulas. Nas turmas os alunos estão preocupados com o próximo ano lectivo.

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