April 09, 2020
Ouvi as perguntas e respostas do primeiro-ministro sobre a abertura das escolas e da realização de exames
Continuo sem perceber esta obsessão pelos exames. Os alunos do 12º que vão entrar para a faculdade, como o próprio primeiro-ministro disse, já tiveram 8 dos 9 trimestres obrigatórios, dado que as disciplinas a que têm exame (Português e Matemática) são tri-anuais, de modo que a nota deles já foi aferida 8 vezes. Por conseguinte, qual é a razão de não poderem concorrer com a nota do último trimestre de aulas que foi o 2º período deste ano? Quanto ao 11º ano, o caso é o mesmo. Dos 6 períodos que têm de cumprir e em que a sua avaliação é aferida, 5 já cumpriram.
Não compreendo esta obsessão pelos exames. Não compreendo porque não se aproveitam estes meses para, em vez de pôr em marcha todo o aparato de exames que mobiliza praticamente todos os professores das escolas (uns no agrupamento de exames, outros no secretariado de exames e outros nas vigilâncias - que aliás obrigam a um contacto de muito perto com os alunos, para verificar os dados pessoais e outras questões no decorrer da prova), para se preparar o próximo ano lectivo que vai ser extremamente exigente e, pode dar-se ainda o caso de ter uma nova paragem por segunda vaga de pandemia. Isso, preparar o próximo ano, parece-me o mais importante.
Não percebo como é que se vai pôr professores e alunos nas salas de aula. Onde se vai buscar professores para dar aulas pois se dividirem as turmas em três, ou metade, que seja, dobram o número de turmas e precisam de contratar professores. E vão garantir máscaras para todos ou vai-se para lá à balda?
Não percebo porque não se empurra o fim do ano ou se faz o contrário. Declara-se aqui o fim deste ano lectivo e antecipa-se o início do próximo para se ter tempo de compensar o trabalho deste ano que não foi acabado. Aproveitava-se o tempo para preparar o próximo ano.
Podia à mesma haver a tele-escola e trabalho com os alunos à distância, no sentido de consolidar aprendizagens, se se antecipasse o início do próximo ano lectivo ou, pelo contrário, se se empurrasse o fim deste ano lectivo mais para a frente, com o 3º período a começar em meio de Junho e a acabar em final de Julho isso não era necessário.
Para mim, qualquer uma das soluções é preferível a esta em que, para se fazerem exames, vão comprometer-se as aprendizagens que não ficaram dadas em todos os outros anos/disciplinas sem exames, pois não podem ser dadas se se começa o ano lectivo no tempo do costume por causa do tempo que os exames consomem (dois meses) e do atraso que isso significa para todo o trabalho restante.
Esta é, para mim, a pior solução e não a compreendo. Ou melhor, só a compreendo num contexto que é o contexto do ministro da educação, o secretário de Estado, o primeiro ministro e os reitores das faculdades não terem confiança no trabalho dos professores, acharem que as notas dos professores não são resultado de um trabalho sério e quererem os exames para aferir do trabalho dos professores.
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