April 09, 2020

Coronavirus LI Wenliang - pôr as coisas em perspectiva para quem ainda acha tudo um exagero e uma histeria



A crise do ébola estendeu-se por dois anos, de 2014 a 2016, em 10 países, quase todos africanos, ou seja, sem sistemas de saúde sofisticados, sem medicamentos, sem equipamentos, sem protecção para médicos e enfermeiros, etc.

Nesses dois anos, na totalidade dos países, houve 28.646 infectados reportados e morreram 11.323 pessoas, das quais cerca de 500, foram pessoal da saúde.

A crise do Coronavirus LI Wenliang dura há apenas quatro meses e meio - já se estendeu a mais de 150 países, já infectou 1.503.900; já matou 89.931 pessoas; só em Itália, já morreram mais de 100 médicos, sem contar com enfermeiros e outros trabalhadores de hospitais;  Espanha, ontem, ia em 94 médicos. Fora os outros 150 países. Já deve ir nos 500, só em médicos, ao fim de 4 meses e meio. Sem contar com o resto do pessoal que trabalha nos hospitais.

Para quem pensa que isto é só uma gripe e que toda a gente é histérica e catastrofista, pergunto: quantos médicos e enfermeiros precisam de fatos de astronauta para se aproximarem de doentes com gripe e quantos médicos e enfermeiros morrem no tratamento de pessoas com gripe? Onde é que, para tratar gripes, tem de escolher-se quem vive e quem morre como numa guerra?

A SIDA, ou melhor, complicações associadas à SIDA, matam mais pessoas por ano. Cerca de 750.000, mas não é uma doença transmissível pelo ar. É preciso contacto sexual ou de sangue para se infectar. Um médico não precisa de vestir-se de astronauta para tratar um doente de sida, a não ser em cirurgias, que metem cortes e sangue. O cancro mata 10 milhões por ano e as doenças cardíacas ainda mais mas não infectam os saudáveis e não são doenças que se apanham no dia 1 do mês e no dia 14 já se está sete palmos debaixo da terra.

Há pessoas que para perceberem as coisas tinham que ser enfiadas num hospital na ala dos doentes durante uma semana e vê-las com os próprios olhos. Se não é visível não acreditam que seja sério; ou então pertencem àquele grupo de pessoas que pensam que até é bom que morram muitos porque o planeta tem gente a mais e o país tem gente velha a mais e assim pagam-se menos reformas.

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