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April 09, 2023

Estou a ver os Dez Mandamentos aos pedaços

 

Porque hoje tenho muita gente aqui em casa, já daqui a bocadinho e tenho muito que fazer. Mas vi a primeira hora inteira. O filme é muito bom, sobretudo tendo em conta que é dos anos 50 do outro século, mas tem actores tão bons e a dinâmica entre eles é tão forte que tudo cativa: o Charlton Heston, magnífico, com uma presença extraordinária, o Yul Brynner, que faz um Ramsés cruel muito credível, a Anne Baxter,  o Edward G. Robinson, muito bom, a Debra Paget, o Vincent Price... conseguem humanizar uma história da Bíblia, esse livro que não passa o crivo dos wokes. Aliás, nem sei como ainda não proibiram o Quo Vadis, que passou ontem na TV: machismo, privilégio branco, homofobia, racismo e sei lá mais o quê. Esse filme é uma americanada, mas vê-se muito bem, apesar disso, porque tem bons actores. Certas cenas que deviam ser dramáticas são tão exageradas que ficam cómicas. Outras são excelentes mesmo por isso: Peter Ustinov a fazer de Nero é exagerado ao ponto do burlesco o que está de acordo com as figuras de alguns imperadores romanos. A Elizabeth Taylor aparece num pequeno Cameo. Este é um filme datado como o outro não é. O Ben-Hur também não é e continua a ver-se com prazer.

O que queria dizer é o seguinte: a ideia de adulterar livros e filmes para não ofender é uma iniciativa das editoras -isto é uma crença minha, com base no que vou lendo e vendo- que não querem deixar de vender e têm medo que as obras deixem de ser compradas, o que é verdade, porque tenho a certeza que os miúdos dos dias de hoje não aturavam o Quo Vadis, com aqueles coros de anjos e o Robert Taylor a fazer de abusador da Debora Kerr, mais a escravatura, etc. Achariam tudo um pouco ofensivo e ridículo. Na verdade os livros e, agora os filmes, quando se tornam demasiado datados, começam a ser vistos ou lidos só pelos especialistas ou entusiastas. O que está certo. As coisas passam de moda, é assim. 

Agora, quem os lê, deve saber que no tempo em que foram escritos ou filmados, era (mais) comum e aceitável, o machismo, o abuso, o racismo, a homofobia, etc. Não é aceitável que os mais novos sejam educados a pensar que nunca houve nada disso no mundo, pois se o forem não estão alerta para essas realidades e repetem-nas vezes sem conta.

Portanto, parece-me que este movimento é sobretudo dos tipos dos negócios dos livros e filmes, só que depois levam atrás os que em vez de pensar seguem modas.