February 28, 2025

O problema do 'woke' e a inclusão nas escolas

 



Da escola mais inclusiva às casas de banho mistas: “guerra cultural” agita Parlamento

AR discute esta sexta-feira o fim do guia O Direito a Ser nas Escolas. O DN falou com os partidos, que se dividem: Esquerda fala em “retrocesso”. Direita fala em “ideologia de género”.
DN
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O problema do woke é que não é o que diz ser. Woke é um termo que devia significar ser sensível e respeitar pessoas que têm outros modos de ser e de se expressar em termos de identidade e sexualidade. Digamos que a sociedade começou a certa altura a 'despertar' para os problemas do racismo, depois do sexismo, depois das pessoas com deficiência e, finalmente, para os problemas das pessoas que têm modos diferentes do ser, de identidade e de sexualidade. 

Até aqui tudo bem. À medida que as sociedades evoluem apercebem-se da opressão que fazem às minorias e vão rectificando as suas políticas, para melhor. O problema é que os wokes nunca foram o que deviam ser, pois rapidamente fizeram da defesa dos direitos das minorias uma santimónia e a maioria dos seus defensores, penso que para aparecerem como puros, moralmente superiores e avançados, expressam as suas ideias com um excesso de zelo, uma desproporção e uma opressão a todos os outros que acabam por chegar ao ponto do ridículo e, muito mais grave que isso, retiram direitos a outros que deviam defender, como é o caso das mulheres.

Um exemplo do ridículo é despedir um actor cis, como se diz agora, que representa um trans, porque só um trans se pode representar a si mesmo, como se o trabalho de actor não fosse justamente o de representar outros diferentes de si. 

Um exemplo de retirar direitos a outros é o de homens biológicos poderem substituir todas as mulheres numa equipa desportiva feminina ou, como foi aprovado na Grã-Bretanha há uns dias, os trans, homens biológicos que se identificam com mulheres que trabalhem na polícia, poderem revistar mulheres em zonas de mulheres. Isto é a autorização do abuso sexual... Ou, nos hospitais, os enfermeiros e médicos trans, homens biológicos (são sempre os nascidos e educados como machos que têm estas exigências) poderem ir para os balneários das mulheres e ficar a olhar as mulheres despirem-se, como já há mais de uma centena de queixas em Inglaterra.

Esses wokes santimónios, interessam-se muito por mulheres abstractas, como li há pouco num artigo de jornal e, acrescento, por outras minorias abstractas, mas não querem saber das pessoas reais. Nomeadamente das mulheres, visto que a grande defesa dos trans tem sido feita por homens biológicos que se dizem sentir mulheres e exigem ultrapassar os direitos das mulheres e serem eles a dizer, o que são as mulheres, o que as mulheres podem fazer, como se tem que submeter às suas exigências, etc. Veja-se como os wokes desprezaram as mulheres israelitas violadas, torturadas e mortas pelos palestinianos no 7 de Outubro, só por serem mulheres - a defesa das mulheres não avança a sua santimónia. Há poucos dias, Jane Fonda falou sobre o estado dos EUA desde que Trump foi eleito. Quando ela falou dos wokes teve imensas palmas, mas quando falou nos pobres e no abuso de poder teve umas míseras palmas. 

Nenhum encarregado de educação que tenha filhas (e outros que não as têm mas têm dois dedos de testa) concorda que possam andar rapazes despidos ou a ver raparigas despidas nos balneários e casa-de-banho das raparigas nas escolas. Isso é um convite ao abuso e ao bullying.

Assim como não faz sentido um professor ter que tratar um aluno pelo nome que ele/ela quer. Chegaríamos ao absurdo de um professor ser obrigado a tratar um aluno por nomes ofensivos ou até de abuso sexual e bullying - e os deputados que dizem que isso é ridículo nunca trabalharam numa escola.

Os alunos são tratados pelos nomes que vêm nos seus documentos de inscrição. Se querem ser tratados por outros nomes, mudem os nomes nos documentos.

Os santimónios woke, que em meu entender prestam um mau serviço à inclusão e ao respeito pelos direitos das minorias, na maioria, querem atenuar o sofrimento dos oprimidos e querem os marginalizados integrados, mas sem querer perder a sua posição de elite ou fazer algum sacrifício pessoal. É só para se avançarem em termos políticos e falsamente morais.

Aqui em Portugal temos toda essa legião de santimónios defensores das igualdades a votar no desinvestimento das escolas e na redução do ensino público a escolas de pobres e para pobrezinhos enquanto põem os filhos em colégios de elite e de ricos.

Há uns dias li num jornal um artigo de uma mulher contra 'a direita' que acabava dizendo, 'sou da esquerda, sou woke, não sou racista', etc. Portanto, se não és hipócrita e santimonial, és racista e da direita.

As escolas têm de incluir todos, mas incluir não significa dizer às raparigas, 'saiam de cena porque estes wokes querem o vosso lugar, querem falar em vosso nome, querem os vossos direitos, os vosso espaços e querem que se submetam às suas prioridades'. Isso é uma posição muito antiga e já tem nome: machismo.

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