Desde quando criticar é um crime? Isto não tem ponta por onde se lhe pegue. Pode achar-se que Ventura é racista ou deselegante, mas criticar uma comunidade não é incitamento ao ódio. E na realidade há problemas sérios com a comunidade cigana como os casamentos com menores, tirarem as filhas raparigas da escola assim que entram na adolescência para as manterem submissas, juntarem-se em grandes grupos para agredir pessoas, fazerem economia paralela sem pagamento de impostos, etc.
Assim como Ventura generaliza, dizendo, "Os ciganos são todos maus", a oposição a Ventura generaliza, dizendo "Os ciganos são todos umas vítimas de racismo". Ambos estão errados e os segundos porem processos a Ventura por ele criticar ciganos só vai fazer dele uma vítima a aumentar-lhe os votos.
É a mesma estratégia de generalizações relativamente aos imigrantes: para Ventura são todos parasitas e para os seus opositores são todos vítimas de racismo. Nem isso resolve os problemas da imigração -sim, temos problemas com imigração- nem põe em evidência a demagogia do Chega.
Ontem apanhei um pedaço de um noticiário onde estava Pedro Frazão, do Chega, Eurico Brilhante Dias do PS e Duarte Pacheco do PSD. A conversa era sobre imigração. Pedro Frazão não deixava ninguém falar. Interrompia os outros, não para debater, mas para mandar bocas por cima do discurso dos outros, uma táctica terrorista que embaralha os outros.
Em relação a isso até começou por dizer coisas acertadas, mas a certa altura disse que os governos têm de trabalhar para os direitos de portugueses originários de Portugal - Eurico B. Dias começou a mandar-lhe bocas, 'racista!Racista!' enquanto ele falava. Fez o mesmo que ele faz.
A jornalista, que não sei quem é, é que fez o que deve ser feito. Quando ele falou de portugueses originários de Portugal, perguntou-lhe o que queria dizer com isso. Ele fugiu à resposta dizendo que ela, tendo andado na faculdade, com certeza saberia o significado das palavras e não precisava de explicação. Ela insistiu, disse que tinha dúvidas quanto ao sentido da expressão. Ele tentou rebaixá-la e disse-lhe que se calhar precisava de voltar à faculdade ou aprender a ler ou algo do género. Ela não se atrapalhou e disse que o que precisava era que ele dissesse o sentido da expressão. Obrigou-o a dizer e ele disse que falava de portugueses nascidos em Portugal e consanguíneos. Pois foi aí que ela o entalou. Perguntou-se se restringia a nacionalidade portuguesa ao sangue e ele começou a meter as mãos pelos pés.
É assim que as coisas se fazem. Expor a desinformação, a demagogia e o racismo, dá trabalho e é muito mais fácil chamar nomes ou fazer queixas no MP. Só que fazer queixas dele a torto e a direito faz dele uma vítima o que é o efeito contrário do pretendido.
Ministério Público abre inquérito a vídeos em que Ventura critica ciganos e considera apoios dados à comunidade “uma palhaçada”
O Ministério Público abriu um inquérito aos vídeos publicados por André Ventura nas redes sociais, que mostram o líder do Chega a criticar a comunidade cigana, disse hoje à Lusa a Procuradoria-Geral da República (PGR).
As queixas relacionadas com os vídeos publicados nas páginas de André Ventura, e em que o líder do Chega surge a falar sobre a comunidade cigana, foram apresentadas por 10 associações, adiantou à Lusa o vice-presidente da Associação Letras Nómadas, Bruno Gonçalves.
Num dos vídeos, publicado a 11 de abril, André Ventura aparece a falar sobre o processo que envolveu Clóvis Abreu, arguido que viu a sua pena pela morte de Fábio Guerra reduzida para seis anos pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
"Então, em Portugal, um cigano espanca um polícia, foge à justiça, e ainda vê a pena reduzida? E os partidos ficam em silêncio? O Chega não", lê-se na legenda do vídeo.
Durante pouco mais de dois minutos, André Ventura acusou a comunidade cigana de ter protegido Clóvis Abreu durante vários meses e disse que "é lamentável que a vida de um polícia valha tão pouco". "Como se os ciganos tivessem algum privilégio face à lei", referiu ainda, acrescentando que "as minorias e os coitadinhos" são sempre beneficiados.
Já noutro vídeo, publicado dias depois, André Ventura mostra uma parte de um contrato - em que não é possível perceber qual o município onde foi celebrado, nem em que data -, cuja descrição é "construção de alojamento para comunidade de etnia cigana".
"Mas porque é que nós estamos a construir casas para ciganos?", questiona o líder do Chega. E continua: "Nós estamos a construir casas para pessoas normais?"
O líder do Chega termina o vídeo dizendo que é preciso "acabar com isto" e refere-se aos apoios dados à comunidade cigana como "uma palhaçada".
À Lusa, o vice-presidente da Associação Letras Nómadas explicou que as 10 associações que apresentaram queixa consideram que os vídeos são um exemplo de incitamento ao ódio.


