Enquanto uns se deleitavam com as suas fantasias outros condenavam-nas. Diderot condenava o luxo indolente e via na turquerie um sintoma da decadência da sociedade. Acabou por sair de moda com o espírito sóbrio da Revolução Francesa.
«O Picnic no Parque» (detalhe) por Christophe Huet (1750)
Durante muitos anos os Otomanos preferiram fazer diplomacia com as outras nações no seu território de Constantinopla mas depois do cerco de Viena e da paz de Karlowitz (1699) começaram a mandar embaixadores para as nações.
A grandeza e magnificência dessas delegações despertava a atenção de todos os curiosos, muitos a nunca antes terem visto um turco. Os turcos começaram a aparecer nas peças de teatro, nas óperas, nas novelas, nas pinturas, no mobiliário, nos objectos, na moda.
Figura de um Turco sumptuosamente vestido, num rinoceronte exótico, por Joachim Kandler - porcelana Meissen
Pavilhão em forma de tenda Otomana nos jardins de Leipzig por Johann Grohmann
A captura de Constantinopla em 1453 pelo sultão Mehmed II foi um momento chave na história europeia. Marcou o fim do Império Bizantino que, embora diminuído, tinha sido uma força política e religiosa durante mil anos ao mesmo tempo que afirmou o poderio militar do turco Otomano. Fez surgir o medo do alastramento da religião muçulmana na Europa. Depois de deixar os soldados pilhar a cidade durante três dias como prémio de lealdade, o sultão impôs a ordem e restabeleceu o comércio com os venezianos.
- cerco de Constantinopla, 1453, de Bertrandom de la Broquière; iluminura encomendada pelo duque da Borgonha à oficina de Jean Miélot, Lille, em 1455.
Bertrandon de la Broquière foi espião borgonhês e peregrino no Médio Oriente em 1432-33. O livro das suas viagens,
Le Voyage d'Outre-Mer, é um relato detalhado e vivo das situações políticas e costumes práticos das várias regiões que visitou. Escreveu-o em francês a pedido de Filipe o Bom, Duque de Borgonha, com o objectivo de facilitar uma nova cruzada.
Para manter o favor do Sultão para os canais comerciais venezianos, o governo de Veneza enviou um artista de proa para a corte do Sultão como embaixador cultural - Gentile Bellini, que produziu medalhões com o retrato do Sultão, uma representação idealizada da sua identidade distorcida pela propaganda anti-otomana.
Enquanto lá esteve, Bellini produziu um número de desenhos dos habitantes de Constantinopla.
- Medalha do Sultão Mehmed II, por Gentile Bellini
Janízaro sentado por Gentile Bellini
(do livro de Haydn Williams, Turquerie)