February 19, 2022

Turquerie

 


Este termo designa a visão que os europeus tinham, no século XVIII, do universo dos turcos Otomanos e as variadas formas em que essa visão se manifestou.

Consola (uma de um par) de um fabricante francês de 1780 - talha dourada e mármore

turquerie é mais um reflexo do meio cultural europeu que o concebeu que uma representação do suposto objecto - dentro de certos limites, a turquerie podia ser aquilo que o artista quisesse.

Embora o seu objectivo primeiro fosse o de provocar divertimento e deleite, por vezes tinha o carácter mais simbólico de enfatizar o status e a magnificência. A turquerie não é um estilo, mas um tema e foi em França que esse trema mais floresceu e durante mais tempo.

Depois da captura de Constantinopla pelos turcos Otomanos em 1453, a Europa entrou em choque. Para galvanizar a oposição, propagandistas trabalhavam no sentido de demonizar o «Turco» e, apesar do seu sucesso, não conseguiram matar a curiosidade dos europeus pelos conquistadores.
- Galeria dei Lavori, Florença

Este interesse era parcialmente satisfeito pelos relatos de viajantes que tinham visitado os domínios dos Otomanos com ilustrações dos seus trajes.

Uma edição italiana de, "Os Quatro Primeiros Livros de Navegações e Peregrinações Orientais" de Nicolas de Nicolay, publicada em Veneza em 1580 foi uma das fontes usadas por Jacobo Ligozzo para a série de aguarelas representando trajes do Império Otomano. Estes por sua vez inspiraram florentinos da Galeria dei Lavori, em Florença.
Embora as imagens fossem muitas vezes fantasiadas dado o acesso limitado dos europeus a certos níveis da sociedade Otomana, a sua influência foi considerável.
O grande medo do turco na Europa foi diminuindo depois do fracasso do cerco de Veneza em 1683. Consequentemente, o estereótipo do «Turco feroz» amenizou-se num ser mais amigável. Os europeus tornaram-se fascinados pelo mundo Otomano, em particular aquilo que Lady Mary Montagu chamou, "os refinamentos da voluptuosidade indolente". Obras literárias como as "Mil e Uma Noites", cujos primeiros volumes apareceram numa tradução francesa de 1704, alimentaram a ideia do «Oriente Encantado», da mesma maneira que os bailes de máscaras, as figurinhas de porcelana e as tendas de jardim. O mundo Otomano ser assim sugerido em vez de imitado era considerado uma virtude pois, como disse Carmontelle, " só os sonhos nos encantam".

- do livro de Haydn Williams, Turquerie.

Uma edição das Mil e Uma Noites que herdei da minha mãe - o primeiro presente que o meu pai lhe deu quando namoravam, segundo me disse. Infelizmente só tenho volume um e nem sei quantos volumes esta edição tem ou tinha.





No comments:

Post a Comment