Showing posts with label poesia. Show all posts
Showing posts with label poesia. Show all posts

January 08, 2021

Cold Earth

 


The cold earth slept below; 
         Above the cold sky shone; 
                And all around, 
                With a chilling sound, 
From caves of ice and fields of snow 
The breath of night like death did flow 
                Beneath the sinking moon. 

~Percy Shelley




Juha Auvinen


January 02, 2021

Poesia para um novo ano




Keep your splendid silent sun,
Keep your woods 
O Nature, and the quiet places by the woods,
Keep your fields of clover and timothy, and your corn-fields and orchards,
Keep the blossoming buckwheat fields where the Ninth-month bees hum;
Give me faces and streets—give me these phantoms incessant and
endless along the trottoirs!
Give me interminable eyes—give me women—give me comrades and
lovers by the thousand!
Let me see new ones every day—let me hold new ones by the hand every day!
Give me such shows—give me the streets of Manhattan!
Give me Broadway, with the soldiers marching—give me the sound of
the trumpets and drums!
(The soldiers in companies or regiments—some starting away, flush’d
and reckless,
Some, their time up, returning with thinn’d ranks, young, yet very
old, worn, marching, noticing nothing;)
Give me the shores and wharves heavy-fringed with black ships!
O such for me! O an intense life, full to repletion and varied!
The life of the theatre, bar-room, huge hotel, for me!
The saloon of the steamer! the crowded excursion for me! the
torchlight procession!
The dense brigade bound for the war, with high piled military wagons
following;
People, endless, streaming, with strong voices, passions, pageants,
Manhattan streets with their powerful throbs, with beating drums as now,
The endless and noisy chorus, the rustle and clank of muskets, (even
the sight of the wounded,)
Manhattan crowds, with their turbulent musical chorus!
Manhattan faces and eyes forever for me.

Walt Whitman (1819–1892). Leaves of Grass. 1900


December 26, 2020

Três poemas de Torga

 








imagem tirada de
de textosdepoesia









Ariane


Ariane é um navio.

Tem mastros, velas e bandeira à proa,

E chegou num dia branco, frio,

A este rio Tejo de Lisboa.

Carregado de Sonho,  fundeou

Dentro da claridade destas grades…

Cisne de todos, que se foi, voltou

Só para os olhos de quem tem saudades…

Foram duas fragatas ver quem era

Um tal milagre assim: era um navio

Que se balança ali à minha espera

Entre gaivotas que se dão no rio.

Mas eu é que não pude ainda por meus passos

Sair desta prisão em corpo inteiro,

E levantar a âncora, e cair nos braços

De Ariane, o veleiro.

 

In Diário

(Lost at sea, Terry Fan)


------------------------------------

Começo

Magoei os pés no chão onde nasci.
Cilícios de raivosa hostilidade
Abriram golpes na fragilidade
De criatura
Que não pude deixar de ser um dia.
Com lágrimas de pasmo e de amargura
Paguei à terra o pão que lhe pedia.

Comprei a consciência de que sou
Homem de trocas com a natureza.
Fera sentada à mesa
Depois de ter escoado o coração
Na incerteza
De comer o suor que semeou,
Varejou,
E, dobrada de lírica tristeza,
Carregou.

-----------------------------------------

Recomeça

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…


December 03, 2020

poesia sem moderação

 


Sous l'écorce morte une âme
Légèrement acide
Inflorescence solitaire
La langue de sa folie est échancrée.

Adrien Correia


December 02, 2020

Beba poesia sem moderação

 


Accoster son coeur
Enivré par un drôle de parfum
Qui ramène toute l'ardeur
Sur son chemin!

Se refugier dans ce rêve
Aussi profond que l'océan:
Pécher sans recul la fève
De la galette des grands!

Même si le désir natif s'en va
Il reviendra à chaque fois
A petits pas
Au meilleur endroit!


Abderrahmane Amalou 

November 23, 2020

Poesia ao entardecer

 


Hold fast to dreams,
For if dreams die,
Life is a broken-winged bird
That cannot fly.

Hold fast to dreams.
For if dreams go,
Life is a barren field
Covered with snow.

Langston Hughes

October 23, 2020

Acerca da filosofia e da vida

 


"Say to yourself

[as Roman and] as a man,

to do what you must

with a perfect

and simple dignity

with a feeling of freedom,

and affection, and justice,

and relieve yourself

from all other thoughts."

 

Marcus Aurelius


October 11, 2020

Um post não politicamente correcto

 


Estive a ler poemas de Louise Gluck, na página, poets.org/poems/louise-gluck e depois ainda fui à página, poetryfoundation.org/poets/louise-gluck. Já li e ouvi (na página poeta.org muitos dos poemas são em versão áudio) umas dezenas. São todos mais ou menos como esse mais abaixo. Parecem mais uma prosa só que ordenada em formato de poema. Não encontro aquele espírito do texto poético, nem o ritmo e a ondulação. A música, o eco. De vez em quando gosto de 4 ou 5 linhas de um deles. Enfim, se calhar tem a ver com a seleção destes sites. Tenho que procurar uma antologia dos melhores poemas ou assim, porque se são todos assim... não sei. Se calhar estou a ler com o espírito errado. 



October 07, 2020

Beba poesia sem moderação

 






HILST, Hilda, 1930-2004. De amor tenho vivido / Hilda Hist; ilustrações de Ana Prata. — 1 ed. — SP: Cia das Letras (filosofia e literatura)

Cinco linhas de poesia na madrugada

 



HILST, Hilda, 1930-2004. De amor tenho vivido / Hilda Hist; ilustrações de Ana Prata. Cia das Letras.

October 06, 2020

Hora de poesia

 


António Ramos Rosa in O Poeta Na Rua (via O Mendel dos Livros)



August 20, 2020

Poesis II

 


“To fling my arms wide
In some place of the sun,

To whirl and to dance
Till the white day is done.
Then rest at cool evening
Beneath a tall tree
While night comes on gently,
Dark like me–”

From: Dream Variation ~ The Collected Poems of Langston Hughes


Poiesis

 

The Three Oddest Words 

When I pronounce the word Future,
the first syllable already belongs to the past.

When I pronounce the word Silence,
I destroy it.

When I pronounce the word Nothing,
I make something no non-being can hold.

 

– Wislawa Szymborska


August 12, 2020

Sete poemas de Torga (um para cada dia da semana) que fazia hoje anos



PROSPECÇÃO

Não são pepitas de oiro que procuro.
Oiro dentro de mim, terra singela!
Busco apenas aquela
Universal riqueza
Do homem que revolve a solidão:
O tesoiro sagrado
De nenhuma certeza,
Soterrado
Por mil certezas de aluvião.
Cavo,
Lavo,
Peneiro,
Mas só quero a fortuna
De me encontrar.
Poeta antes dos versos
E sede antes da fonte.
Puro como um deserto.
Inteiramente nu e descoberto.

---------------

CÂNTICO DE HUMANIDADE


Hinos aos deuses, não.

Os homens é que merecem

Que se lhes cante a virtude.

Bichos que lavram no chão,

Actuam como parecem,

Sem um disfarce que os mude.


Apenas se os deuses querem

Ser homens, nós os cantemos.

E à soga do mesmo carro,

Com os aguilhões que nos ferem,

Nós também lhes demonstremos

Que são mortais e de barro.

-----------

COMUNICADO

Na frente ocidental nada de novo.
O povo
Continua a resistir.
Sem ninguém que lhe valha,
Geme e trabalha
Até cair.

----------


SÚPLICA (Miguel Torga)

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria…
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

-----------

LIVRO DE HORAS

Aqui diante de mim,
eu, pecador, me confesso
de ser assim como sou.
Me confesso o bom e o mau
que vão ao leme da nau
nesta deriva em que vou.

Me confesso
possesso
das virtudes teologais,
que são três,

e dos pecados mortais,
que são sete,
quando a terra não repete
que são mais.

Me confesso
o dono das minhas horas
O dos facadas cegas e raivosas,
e o das ternuras lúcidas e mansas.

E de ser de qualquer modo
andanças
do mesmo todo.

Me confesso de ser charco
e luar de charco, à mistura.
De ser a corda do arco
que atira setas acima
e abaixo da minha altura.

Me confesso de ser tudo
que possa nascer em mim.
De ter raízes no chão
desta minha condição.
Me confesso de Abel e de Caim.

Me confesso de ser Homem.
De ser um anjo caído
do tal céu que Deus governa;
de ser um monstro saído
do buraco mais fundo da caverna.

Me confesso de ser eu.
Eu, tal e qual como vim
para dizer que sou eu
aqui, diante de mim!

--------

TACTEIO EM VÃO A CLARIDADE

Cego, tacteio em vão a claridade;
Louco, cuspo no rosto da razão;
E deambulo assim
Dentro de mim
Negação a negar a negação.
---------

SÍSIFO

Recomeça....

Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

MIGUEL TORGA, 12 de Agosto de 1907 - 17 de Janeiro de 1995

August 07, 2020

"Meu tempo é quando."


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.


Vinicius de Moraes