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August 18, 2021

Evitar a Arte?






Qual é o pior filme que alguma vez viu ou livro que já leu? Não apenas algo de que não gostasse muito, ou que fosse um pouco aborrecido, mas algo que o fizesse sentir-se...pior de alguma forma. Sujo, talvez.

A arte é incrivelmente poderosa, e pode fazer sobressair as nossas partes mais escuras e diminuir o nosso melhor. E foi por isso que Platão pensou que devia ser evitada.

Os antigos gregos adoravam a poesia. Mas a sua poesia não era do tipo "lê na tua cabeça". Era quase sempre representada ou falada em voz alta e acreditava-se que o drama era uma forma de educar moralmente as massas (adultas). Na verdade, a palavra grega para "realizador" - didaskalos - também podia significar professor.

Para Platão, no entanto, ensinava todas as coisas erradas.

Já vimos como Platão divide a alma humana em três partes: desejo (Eros), paixão (Thumos) e o intelecto (Logos). Para Platão, o Logos era o aspecto mais elevado do nosso eu, com Thumos em segundo lugar e Eros num distante terceiro lugar. O objectivo de ser humano era utilizar e alimentar o Logos e diminuir o Eros - para celebrar a nossa razão sobre os nossos impulsos corporais, a nossa racionalidade humana sobre a nossa biologia animalista.

O problema da arte é que ela chafurda no passional. Industria deliberadamente para nos fazer 'sentir' certas coisas e para suspender os nossos intelectos. Quer que passemos horas com as nossas emoções mais básicas. Gostamos de arte que nos faz chorar, ou rir, ou sentir amor - todos eles terrestres, vulgares e degradantes.

Além disso, a arte é a antítese da verdade. O propósito mais elevado do Logos é procurar a verdade. Porém, o artista é alguém que cria ilusões para nos atrair. O actor é um mentiroso, o pintor um propagandista e o escritor um intrujão. Quanto mais gostamos de arte, mais aprendemos que a falsidade é boa. E qualquer coisa que esconda a verdade deve ser, segundo Platão, evitada.

É claro que não somos tão puritanicamente idealistas como Platão. Mas será que se pode aprender alguma coisa com ele? Hoje em dia, a arte, especialmente a Netflix ou os blockbuster de Hollywood, tem o hábito de entorpecer os nossos sentidos e de nos afastar do mundo real. Talvez o ponto de Platão seja que talvez devêssemos apreciar e beneficiar mais do mundo real e não das estrelas de cinema e TV que nos enganam com deslumbramentos.


June 16, 2020

Para quem se interessa por estas coisas LGBT



(quem já leu o Banquete de Platão, esse diálogo sobre o Amor, lembra-se da cena de ciúmes de Alcibíades, por encontrar Sócrates deitado ao lado de Ágaton e da sua esperança de que alguma coisa pudesse, mais tarde, acontecer entre ambos, quando já estivessem bem bebidos, pois estes simpósios costumavam terminar em orgias. No entanto, neste em particular, decidiram ser moderados na bebida e, excepto Alcibíades, que já chegou lá embriagado, todos cumpriram. Estava lá Pausânias, amante de Ágaton e um dos mais convictos defensores da pederastia)
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Na Grécia Antiga, em Atenas, os homens mantinham relações sexuais entre si. Mas eles eram “gays”? (gay é um termo inglês do século passado)

Neste artigo, Luana Neres analisa o relacionamento homoerótico masculino realizado entre os atenienses do período clássico. “Praticada entre um homem adulto, o erastés, e um jovem, o erómenos (cujos nomes significam, respectivamente, amante e amado), a pederastia possuía características bastante peculiares que a distingue de diversas outras manifestações homoeróticas conhecidas na atualidade. Estava relacionada à Paideia, [ideal grego de educação que visava a preparação do jovem para o pleno exercício de sua cidadania, seja na pólis ou em sua participação na guerra] se constituindo em um elemento educador do jovem futuro cidadão, especialmente após os conteúdos aprendidos na educação básica. Era no convívio com o erastés que o erómenos aprenderia como se comportar enquanto um cidadão”.


*** Luana Neres de Sousa possui graduação, mestrado e doutorado pela Universidade Federal de Goiás.

Imagem: Zeus e seu amante Ganimedes. Kýlix de figuras vermelhas, aprox. 475-425 a.C.. Atribuída a “The Penthesilea Painter”. Proveniência: Atenas. Acervo do Museu Arqueológico de Ferrara. Fonte: wikimedia commons.