Isto é vergonhoso e raia o criminoso. Que administrações de instituições completamente particulares dêem bónus a si próprios (é evidente que para o fazerem têm que prejudicar trabalhadores) de milhões é uma coisa, agora que instituições que dependem de pedinchar dinheiro ao Estado, que somos nós, recebam bónus, raia o criminoso: quem são os trabalhadores do Estado -a não ser os queridinhos do ministério do Centeno que levam 50 milhões de bónus, ou lá o que é-, que recebem bónus por fazer o seu trabalho? Mas estes tipos não têm já um salário, bem alto, por sinal? Mas nunca mais mudamos esta normalidade anormal que é estes fulanos abotoarem-se com dinheiros públicos?
E têm o descaramento de dizer que estavam a trabalhar bem mas a culpa foi do COVID? Então e os outros -os médicos, os enfermeiros, os professores, o pessoal dos supermercados- que dobraram o trabalho com o mesmíssimo salário? Alguns até perderam o direito a férias. Mas o que é isto? E, quer dizer, os comportamentos são tão vergonhosos que até o BCE, essa instituição obscena nas excepções e privilégios milionários que permite a bancos e banqueiros, vem dizer que é demais e ameaça até intervir se não houver moderação! Então mas temos que pagar esta pouca-vergonha do BES que nunca mais acaba?
O Novo Banco propôs em 2019, a título diferido e condicionado, o pagamento de uma remuneração variável aos membros da administração executiva no valor de 1,997 milhões euros, “em função da avaliação individual e coletiva da sua performance”, segundo o relatório e contas.
A possibilidade da administração executiva liderada por António Ramalho ter bónus no fim do período “aumentou muito devido à boa performance do banco”, segundo fonte próxima do processo, e por isso criou-se a provisão (antes da crise do Covid) que afectou o capital. A decisão de pagar bónus no futuro foi tomada pela Comissão de Remunerações do Novo Banco.
Porque é que a Comissão de Remunerações propôs um bónus? Porque o banco contava já ter o turnaround do banco já no final deste ano. Isto antes da pandemia do Covid-19 que chegou em março. Recorde-se que em fevereiro a prioridade da administração do banco era limpar o balanço em 2020. Isto é o desaparecimento do legacy.
“Quando se tem 11,8% de NPL, [mal parado] depois do enorme trabalho, que não tem paralelo na Europa da redução de 36,6% para 11,8%, ainda não estamos lá. Só estaremos lá quando esse valor for inferior a 5%, porque é esse o valor estimado pelo Banco Central Europeu para os bancos de alta qualidade”, disse em fevereiro o presidente do Novo Banco (antes da crise Covid-19).
Mas com a crise do Covid o BCE recomendou o não pagamento de bónus, em linha com a recomendação que fez sobre a não distribuição de dividendos aos acionistas até, pelo menos, 1 de outubro de 2020. O Banco Central Europeu (BCE) recomendou mesmo travar os bónus que os bancos pagam às respectivas administrações, devido aos impactos económicos da Covid-19, e admitiu intervir se os bancos não demonstrarem “moderação extrema” no pagamento de bónus.
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