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June 19, 2025

Quem quer solucionar problemas? Ninguém. O que importa é demonizar os que não se calam

 


No entanto, as greves não são – nem foram – só feitas para alcançar uma idílica maior justiça na repartição dos ganhos da produção entre o capital e o trabalho. Consideradas durante muito tempo pelos economistas como decisões irracionais e falhas no processo de negociação, as greves já são vistas como processos racionais dos trabalhadores – desde logo porque nem só de pão vivem os sindicalizados. As greves historicamente ocorreram para estabelecer a reputação de sindicatos, para alterar o equilíbrio futuro de poder entre estes e a empresa, por lutas internas nestas organizações, bem como por solidariedade e identificação com a luta laboral.

As greves no setor público são de outra natureza. Quando os trabalhadores da administração e empresas públicas fazem greve, não prejudicam os detentores do capital. Ao invés, espatifam os bens públicos que o Estado fornece à população. Demoram os já excruciantemente lentos licenciamentos, processos de decisão, investigações judiciais, os julgamentos, as consultas nos centros de saúde e nos hospitais, a emissão de documentos, a resolução de situações com as Finanças ou Segurança Social. E um longo etc. Os serviços públicos prestados à população são interrompidos, numa bola de neve que cria problemas aos trabalhadores do setor privado, às famílias, e às empresas que são indiretamente afetadas por atrasos ou faltas dos trabalhadores.

Tudo isto é tanto mais indecoroso quanto as greves da função pública e nas empresas públicas afetam sobretudo a população mais pobre. Quem tem seguro de saúde e vai aos consultórios e hospitais privados não é afetado pelas greves do SNS, sejam de médicos, de enfermeiros ou de auxiliares. As famílias que conseguem pagar educação privada têm os filhos sempre com aulas, não expostos às ideias muito originais em se tratando de greves dos sindicatos dos professores. Também não se veem obrigados a faltar ao trabalho – e perder rendimento – para tomar conta dos petizes que afinal estão em casa e não na escola a aprender a fórmula resolvente. Quem se transporta de carro pode desesperar umas horas no trânsito, mas os trabalhadores que usam os transportes públicos apinhados e escassos são os mais castigados pelas greves nos comboios, metro, barcos ou autocarros públicos

Maria João Marques in https://www.publico.pt/

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Defender uma alteração à lei da greve esvaziando completamente o único poder de pressão da função pública -esses demónios de professores e enfermeiros que levam o país à falência com os seus porsches, condições e salários de princípes- sobre governos que usam o prejuízo dos trabalhadores públicos (excepção feita ao pessoal político, nomeados e avençados) para alegarem 'contas certas'. 

Há amplas evidências das condições de trabalho e salários precários das pessoas trabalhadoras da FP que têm levado as pessoas a desaparecer desses serviços e a ir para o privado ou a fugir do país, mas isso ainda não chega porque o objectivo é privatizar tudo, pois como diz a articulista, nos privados não há cá direitos de trabalhadores. Amochas ou vais para o desemprego, de maneira que a elite não tem que ver nem saber da miséria alheia que fica escondida de todos como se não existisse.

Há umas semanas fui a uma festa e às tantas, em conversa com um casal que conheci lá, ouvi-os contar como despediram uma funcionária -eles têm um negócio- porque ela ia ser operada  e teve o descaramento de dizer que ia tirar as férias a seguir à operação para poder recuperar totalmente. Ora, isso punha-a fora do serviço um mês e meio (três semanas de recuperação + férias) de maneira que lhe disseram, 'vai e não voltes.' É isso que esta jornalista defende: não há cá greves em defesa dos direitos dos trabalhadores. Trumpize-se o país: não queres ganhar mal e trabalhar por três? Vai-te embora.

Estas pessoas que escrevem nos jornais e têm influência, podiam usá-la para defender a solução dos problemas -as escola continuam sem professores, os hospitais sem médicos e enfermeiros- mas em vez disso preferem escolher um sector da sociedade e demonizá-lo. 

Na opinião desta jornalista as greves só existem para os sindicalistas se afirmarem e as pessoas que fazem greve são todas burras ao serviço de sindicatos. 

E alega que as greves prejudicam os pobres. O que prejudica os pobres é serem pobres. 

Só um pobre, diz ela, é que vai a um hospital público ou frequenta uma escola pública. Veja-se como sem querer revela a miséria em que estão os serviços públicos e porque ninguém quer ir para lá trabalhar, mas a sua conclusão é: reduza-se essa gente à insignificância. Porém, ao mesmo tempo, querem uma sociedade avançada como a finlandesa ou a dinamarquesa.

May 17, 2024

Hoje houve uma greve da Administração Pública (os únicos da FP que foram aumentados mais que 5% e até 30%)

 

Na minha escola não abriram os blocos das salas de aulas. Estivemos lá a trabalhar em outras coisas: classificar testes, burocracias, tratar de emails, receber encarregados de educação, etc. Tinha uma turma a fazer teste às 8.20h da manhã - escusado será dizer que ficaram todos satisfeitos por ter mais uns dias até ao teste. Eu é que não fiquei porque já tenho as aulas contadas para acabar o programa. Até vou usar um PP que é uma coisa que vai contra os meus princípios morais, mas tem que ser e o que tem de ser tem muita força.

Tenho um aluno refugiado da Ucrânia para quem faço sempre um teste diferente porque ele domina muito pouco o português. Decorei o enunciado com símbolos da Ucrânia 🇺🇦💪


June 07, 2023

Serviços mínimos às avaliações

 


O ME vai pedir serviços mínimos, mesmo depois de já o ter feito em 2018 e terem sido declarados ilegais.  Da mesma maneira como os pediu às greves do S.TO.P. (o colégio coiso faz tudo o que ele manda) e depois, quando já não interessava (terão lá algum homem de mão do PS?), foram declaradas ilegais (mesmo assim ainda há colegas com processos disciplinares).

Evidentemente que os serviços mínimos tiram toda a eficácia às greves. Poder-se-á dizer que é essa a função do ME. Só que não é. A sua função é resolver os problemas da educação, coisa que ele não sabe fazer, de maneira que lhe resta a perseguição a professores.

Ele devia cuidar de que os currículos abrissem oportunidades de vida aos alunos e os empoderassem, como agora se diz. Fez o oposto.
Ele devia cuidar de que os alunos pudessem ter na escola as condições (materiais e culturais) que não têm em casa. Fez o oposto.
Ele devia cuidar de que a profissão atraísse pessoas de categoria pedagógica e intelectual. Fez o oposto. (aliás não atrai, nem os sem categoria)
Ele devia cuidar de que o ambiente nas escolas fosse positivo, colaborante e inclusivo. Fez o oposto.
Ele devia cuidar de que as escolas tivessem uma vivência democrática. Fez o oposto. 

As greves às avaliações são auto-destrutivas do corpo docente. Ninguém as quer fazer, mas muitos fazem-nas porque os ministros castigam os professores (e os alunos) pelos seus erros e deficiências de modos que ultrapassam todas as fronteiras do aceitável.
Porém, é uma situação tão radical que põe professores contra professores de uma maneira violenta em que colegas fazem coisas impensáveis contra outros colegas. Há pessoas que nunca mais se falam e o ambiente nas escolas fica envenenado, o que destrói o trabalho dos grupos disciplinares e atinge os alunos, muito mais que as greves. 

As pessoas em geral não têm noção destas coisas porque são muito ignorantes do que se passa nas escolas, o que é natural (não sendo natural falarem como se soubessem). Mas o ministro tinha obrigação de não ser ignorante porque o trabalho dele não é castigar e perseguir professores, mas resolver os problemas da educação. Acontece que o ministro trabalha para dividir os professores porque pensa que isso lhe traz dividendos. Pois traz... mas são tristes dividendos... tumores malignos que se espalham nas escolas.

As escolas são pequenas comunidades mais ou menos fechadas, neste sentido em que os professores ficam lá muitos anos a trabalhar uns com os outros. Essa estabilidade tem vantagens para os alunos e para que haja uma cultura de escola. Mas é uma pequena família e como todas as famílias, é preciso muito cuidado para preservar as relações entre as pessoas e não fomentar a discórdia ao ponto de se tornarem forças de bloqueio umas das outras e, sendo-o, esses tumores atinjam os alunos por tabela. O trabalho de educação escolar é um trabalho que necessita da colaboração positiva entre professores. 

Já antes deste ministro, a Lurdes Rodrigues tinha tido essa estratégia, nela explícita, de pôr professores contra professores, de dividir, dando poder a uns e incentivando a que perseguissem outros. A ideia dela era conseguir impedir que os professores se unissem quando começasse a desvalorização para a proletarização da profissão. O que aconteceu. A estratégia dela foi um sucesso... um sucesso cancerígeno... há professores que nessa altura aproveitaram para se enfiar nos cargos de qualquer maneira, atropelando outros (porque só quem tinha esses cargos chegava ao topo da carreira), com esquemas de toda a ordem. A maioria ainda lá está e tem passado todos estes anos a minar tudo para preservar o seu patético poder.

Isto passou-se na esmagadora maioria das escolas. Algumas coisas se passaram ao pé das quais o assédio das universidades de que se fala agora nos jornais é uma brincadeira.

O ambiente nas escolas, quando se escava um bocadinho o verniz, é muito mau. O ME devia estar a resolver estes problemas e não a agravá-los, como tem feito. De modo que não, o trabalho do ME não é impedir greves e fomentar a desunião. É o oposto. Mas ele parece não ter capacidade para o perceber.

Greves de professores: decretados serviços mínimos para reuniões de avaliação de alunos


Paralisações durante reuniões de avaliação vão estar de novo sujeitas a serviços mínimos. Já aconteceu em 2018, uma decisão que foi depois declarada “ilegal”.

February 08, 2023

Ah, os sindicatos já desconvocaram as greves?




Foi? Portanto, já picaram o ponto das greves e agora, depois de dois meses de luta aconselham a que os professores voltem às aulas como se nada se tivesse passado e aceitem as imposições e patifarias do ME e do governo? Talvez sacrificar as suas férias para dar 'aulas' de apoio aos alunos (para satisfazer a ambição da presidente das Confap) que o ME não considera sequer como aulas? E talvez pedir desculpa ao ME e ao governo em geral pelo incómodo de terem de ouvir professores a falar de democracia e de direitos? E quem sabe, esperar o ME à porta do ministério e benzer-se em frente a sua divindade ou lamber o chão que pisa como fazem tantos jornalistas? E a Confap quer saber quem fez greve, quem está a fazer, para...? Ameaçar? Perseguir?


Último dia de greves nas escolas convocadas por diferentes sindicatos, só continua o STOP

Manifestação no Porto marca o fim das greves por distrito. Greve iniciada em dezembro pelo STOP conta já com pré-avisos até 24 de fevereiro.

As greves por distrito terminam esta quarta-feira, com uma manifestação no Porto, dia em que acaba também a paralisação convocada por outro sindicato, mantendo-se apenas a do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (STOP).

A presidente da Confap alertou para a necessidade de se mapear o impacto da greve e garantir que os alunos prejudicados terão apoio que lhes permita recuperar as matérias perdidas.