Aquela questão das mulheres que têm endiometrose e o embaraço dos deputados com a questão da menstruação? É uma questão geracional. De há uns anos para cá repara-se que muita coisa mudou nos jovens. Hoje-em-dia acontece estarmos na aula e uma aluna levantar-se para ir à casa-de-banho depois de pedir autorização e dizer em voz alta, 'Alguém tem um penso que me empreste?' E outra qualquer dizer que sim, tira um penso higiénico da mala e dá-lhe e lá vai ela com o penso na mão. Ninguém quer saber. Nem os rapazes olham, nem dizem nada... continuamos o trabalho, como se nada fosse. É uma não-questão. Às vezes, se faltam a uma aula, na aula seguinte dizem, em frente de todos, 'professora ontem estava cheia de dores por causa do período e foi por isso que faltei'. Ninguém quer saber, ninguém liga importância. Essa questão de se achar que as mulheres não deviam falar de isto ou de aquilo é uma questão geracional. Este ano, quando andámos a fazer discussões argumentativas sobre temas de valores, numa das turmas, quem escolheu argumentar o tema do aborto foram rapazes. Dois grupos de rapazes argumentaram esse tema entre si e falaram dos processos biológicos das mulheres, de planeamento familiar e de tudo o que estava relacionado com a sexualidade com a maior das calmas. Não consideram serem temas de mulheres. Isto há uns 15 anos seria muito improvável. Muita coisa mudou nas mentalidades dos jovens no que respeita a temas relativos à sexualidade e aos direitos das pessoas relacionados.