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May 31, 2022

Questões geracionais

 


Aquela questão das mulheres que têm endiometrose e o embaraço dos deputados com a questão da menstruação? É uma questão geracional. De há uns anos para cá repara-se que muita coisa mudou nos jovens. Hoje-em-dia acontece estarmos na aula e uma aluna levantar-se para ir à casa-de-banho depois de pedir autorização e dizer em voz alta, 'Alguém tem um penso que me empreste?' E outra qualquer dizer que sim, tira um penso higiénico da mala e dá-lhe e lá vai ela com o penso na mão. Ninguém quer saber. Nem os rapazes olham, nem dizem nada... continuamos o trabalho, como se nada fosse. É uma não-questão. Às vezes, se faltam a uma aula, na aula seguinte dizem, em frente de todos, 'professora ontem estava cheia de dores por causa do período e foi por isso que faltei'. Ninguém quer saber, ninguém liga importância. Essa questão de se achar que as mulheres não deviam falar de isto ou de aquilo é uma questão geracional. Este ano, quando andámos a fazer discussões argumentativas sobre temas de valores, numa das turmas, quem escolheu argumentar o tema do aborto foram rapazes. Dois grupos de rapazes argumentaram esse tema entre si e falaram dos processos biológicos das mulheres, de planeamento familiar e de tudo o que estava relacionado com a sexualidade com a maior das calmas. Não consideram serem temas de mulheres. Isto há uns 15 anos seria muito improvável. Muita coisa mudou nas mentalidades dos jovens no que respeita a temas relativos à sexualidade e aos direitos das pessoas relacionados.


July 16, 2020

Aquela idade entre os 3 e os 6 anos em que muitos miúdos são pequenos sábios



... mais conscientes do real que a maioria dos adultos. Este puto, Bridger Walker, com 6 anos, saltou para a frente da irmã ao vê-la ser atacada por um pastor alemão que acabou por se virar a ele. O miúdo precisou de cirurgia e levou 90 pontos. Quando o pai lhe perguntou porque se tinha atirado para a frente do cão, ele respondeu, 'achei que se um de nós tinha que morrer devia ser eu.' Seis anos.


November 30, 2019

Os psiquiatras a fazer o trabalho dos políticos




A ministra da Saúde, Marta Temido, avançou hoje que o Orçamento do Estado para 2020 irá ter um “reforço claro” na saúde mental, reconhecendo a existência de um “bom programa nacional” com necessidade de ser implementado.


Os estudos mostram que há uma ligação entre as condições sociais de vida e a doença mental. Setúbal, por exemplo, é o distrito do país com maior incidência de doenças mentais. É também o distrito mais pobre. A vida demente das pessoas em trabalhos com condições deprimentes atira-os para situações de cansaço extremo e dificuldade em gerir a vida de modo equilibrado, o que por sua vez atinge os filhos, danos colaterais de uma vida vivida no limite das forças físicas e mentais. Compensam com a bebida, com a droga... 
Os miúdos vão para as escolas compensar os desequilíbrios das famílias e acabam medicados, seja por perturbarem a normalização do ambiente e serem diagnosticos com síndrome de hiperactividade, seja por não aguentarem a pressão do sucesso e viverem vidas de ansiedade constante. Depois encaminham-se para os psiquiatras para que lhes diagnostiquem depressões que não têm -pois o que têm é tristeza e a frustração de não conseguirem adaptar-se a um sistema de louca competição-, para os mediquem de maneira a conseguirem sobreviver num sistema social doentio. Eles e os pais.
É claro que, se os políticos fizessem o seu trabalho, melhoravam as condições de vida das pessoas e os serviços públicos de apoio às famílias: a saúde, a educação, a assistência social.
Do que as pessoas precisam, em primeiro lugar, é de uma vida decente que não seja só trabalho, casa, trabalho, em condições execráveis e a ganhar tão mal que precisam de dois empregos para alimentar a família. Mas como os políticos não fazem o seu trabalho, são os psiquiatras e os psicoterapeutas quem acaba por remediar essa falha. Não resolvem a vida das pessoas mas medicam-nas para que consigam produzir num sistema que fomenta a patologia mental.