(,...) A sinagoga foi construída e inaugurada no início do século XX, quando Portugal era uma monarquia teocrática católica, e a lei proibia qualquer templo de outra religião de ter fachada para a rua. Aliás, proibia também as comunidades religiosas — as que eram admitidas, já que nem todas — de comprar terrenos, pelo que a escritura teve de ser assinada por um particular.
Foi preciso esperar pela queda da monarquia e pela chamada “lei de separação”— a separação entre Estado e Igreja Católica — para que as coisas começassem a mudar, desde logo instituindo como princípio que ninguém podia ser perseguido por motivos de religião.
Mas as coisas mudaram muito lentamente, porque pouco mais de uma década depois Portugal voltaria a ter, senão formalmente mas na prática, uma religião oficial. De tal modo oficial que o governo de Salazar, em decreto de 1936, ordenou que todas as escolas públicas ostentassem crucifixos nas salas de aula, isentou de impostos, por via da Concordata de 1940, os padres católicos, criou um regulamento de precedências nas cerimónias oficiais no qual o representante da Igreja Católica tinha uma dignidade equivalente ou até superior à do Presidente da República e banalizou a bênção de novas construções como parte das cerimónias de inauguração.
A Constituição democrática de 1976 veio afirmar de novo a separação entre Estado e igrejas mas na realidade a católica manteve o seu domínio: no início do século XXI ainda exigia que o Orçamento de Estado atribuísse verbas para construção de templos católicos e continua a passar a vida a pedir dinheiro para tal às autarquias (que não raro dão); os seus sacerdotes mantiveram a isenção de impostos até 2005 (e bem esbracejaram por esta acabar); a educação religiosa nas escolas públicas foi imposta até ao final dos anos 1980 (era preciso recusá-la expressamente, inconstitucionalidade declarada em 1987 pelo Tribunal Constitucional) e até hoje o Estado contrata professores escolhidos pela Igreja Católica; os crucifixos permanecem em muitas salas de aula (quando em 2005 se aventou que podiam ser retirados houve escândalo nacional); as Forças Armadas têm bispo; o Estado continua, como se constatou em 2023 com a “Jornada Mundial da Juventude”, a despejar rios de dinheiro e reverência na Igreja Católica, tanta reverência que é corriqueiro ver presidentes da Câmara e membros das polícias e Forças Armadas uniformizados a participar em procissões católicas.
De cada vez que alguém — fi-lo bastas vezes — questiona estas práticas e põe em causa a sua legalidade e constitucionalidade é taxado de jacobino odiento que quer “retirar a religião da esfera pública”, sendo invariavelmente invocada a “liberdade religiosa” e prescrita “tolerância”.
Pois é. De repente, a “tolerância” que levam décadas a prescrever a ateus, agnósticos e crentes de outras religiões ante o império da religião católica revela-se como aquilo que nunca deixou de ser: a defesa de um privilégio excludente, de uma “norma” que nunca se questionou nem admite ser questionada.
De repente, há autarcas que acham que podem proibir uma comunidade religiosa de comprar um terreno para erigir um templo. Porquê? Porque não gostam daquela religião.
Não interessa, como nota bem Daniel Oliveira no Expresso, sobre o caso de Samora Correia e do levantamento que ali se verifica contra a intenção de uma comunidade de construir uma mesquita num terreno privado, que comunidade é realmente aquela e que específico ramo do islamismo professa: é islâmica e para aqueles políticos, que incluem representantes do PS, PSD e PCP (partido do presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho), chega.
Segundo o Público, Coutinho alega ter asseverado aos representantes da dita comunidade que ali se respeitam “todas as religiões”, mas que “não faz sentido ter aqui uma mesquita, quando não temos uma comunidade islâmica significativa no concelho”. E adverte: “Só há construção se houver licenciamento” — ou seja, a autarquia pode impedir a obra.
É uma curiosa ideia de respeito pelas religiões, esta que considera caber aos poderes políticos decidir, (...) que comunidades religiosas podem ou não comprar terrenos privados e neles construir. Um “respeito” que demonstra como estamos, a nível de discriminação institucional, perto do espírito da lei que obrigou a sinagoga de Lisboa a esconder-se atrás de muros: vocês podem existir, desde que existam o menos possível.
Mas, poder-se-á dizer, há uma Constituição e uma lei da liberdade religiosa; há até uma Comissão da Liberdade Religiosa. Existem inclusive tipos criminais no Código Penal que visam “proteger os sentimentos religiosos”, como o crime “ultraje por motivo de crença religiosa”, que pune quem “publicamente ofender outra pessoa ou dela escarnecer em razão da sua crença ou função religiosa, por forma adequada a perturbar a paz pública”.
O mesmo código inclui o ódio religioso nos motivos que qualificam (ou seja, agravam) o homicídio e os outros crimes contra as pessoas.Temos leis e instituições que cheguem para combater o ódio religioso, sim. Só falta querer combatê-lo. Diz o Daniel: Chegámos aqui muito depressa. Na verdade, nunca daqui tínhamos saído.
Fernanda Câncio in .dn.pt
(excertos)
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Fernanda Câncio, como muitas pessoas da esquerda, tem aquele defeito de vista perigoso que nos touros bravos se chama burriciego: o touro burriciego vê mal e, como tal, investe à toa e sem rigor por não perceber ao certo de onde vem o perigo.
Câncio começa logo o artigo com uma falsa investida, pois Portugal nunca foi uma monarquia teocrática. Nem na Idade Média, quanto mais no início do século XX: nem o rei era o representante de Deus na Terra, nem o país vivia sob o Direito Canónico. Éramos uma Monarquia Constitucional, um Estado de Direito.
A Igreja católica ter influência e poder no país é uma coisa diferente de termos uma Monarquia teocrática. Como calculo que Câncio não seja ignorante ao ponto de não saber isso, deduzo que este seja um ataque de ódio à instituição da Igreja Católica.
Ora, um ponto importante a referir é o de sabermos que ninguém vai acusar Câncio de ser cristianofóbica e lançar-lhe uma fatwã de morte como aconteceria se Câncio se referisse ao islamismo da mesma maneira que se refere aqui à Igreja Católica - seria logo acusada de islamofobia.
Câncio poderá alegar que referiu muito casos concretos e particulares óbvios dos privilégios que a Igreja Católica tinha para fundamentar a tese. É verdade. A questão é que Câncio, como a maioria da esquerda, nunca se referem aos casos concretos do islamismo.
Em relação a esta prática de religião estão sempre em modo de avião ou são burriciegos e só sabem fazer alegações em termos abstractos: 'temos que ser tolerantes', 'há a liberdade religiosa', 'quem fala contra a religião islâmica tem ódio religioso'... até cita um artigo do Código Penal que nunca pensei que existisse, que pune quem goza com a religião alheia... se isto é assim como ela o diz, é completamente ridículo.
Adiante, o que quero dizer é que Câncio nunca se lembra de olhar para os países em que esta religião é a religião de Estado -esses sim, são teocráticos, logo absolutistas- nem para as homilias e práticas dos islamitas nos países em que se instalaram ao abrigo da liberdade religiosa e tolerância pela diversidade de cultura e religião.
É que os islamitas não escondem sequer que defendem e praticam a intolerância contra todas as outras religiões e contra as pessoas que não têm religião; não escondem que essas pessoas devem ser perseguidas, e até mortas, se não se converterem ao Islão - é uma prática diária, pública e comum nos Estados islâmicos; os islamitas continuam a defender a escravatura sexual das mulheres e o casamento infantil como sendo um bastião da sua cultura; os islamitas em muitos países do mundo, continuam a mercadejar escravos e nem o fazem às escondidas, filmam-se a comprar e vender mulheres, crianças e infiéis. Os islamitas defendem sociedades teocráticas e nas sociedade para onde imigram lutam por, primeiro ter o direito de ter tribunais de sharia, paralelos ao Direito do país em que estão e depois lutam por impor leis de blasfémia e sharia a todos - há um projecto-lei no Parlamento inglês a esse propósito por parte do partido dos islamitas.
Há relatórios oficiais independentes, na França e na Inglaterra que revelam que os islamitas têm uma estratégia de forçar a mudança social para a imposição do islamismo, começando por infiltrar-se nas universidades, no poder local e nas instituições públicas como modo de fazer a sociedade aceitar as leis e cultura islâmicas.
Câncio e uma grande parte da esquerda finge que não sabe disto e quando falam nos islamitas é sempre com generalidades que se aplicam a todos em abstracto mas não em concreto. Sim, existe a tolerância pela diversidade religiosa, se as religiões em questão não são uma ameaça aos cidadãos e ao Estado. Porque o argumento de Câncio sobre a tolerância para com o islamismo é o mesmo que os fascistas usam para reivindicar poderem ter liberdade de expressão e associação políticas.
Foi com esse argumento que na Inglaterra, as autoridades da esquerda, de polícias a políticos do mais alto nível, mandaram que se escondesse a violação de mais de 1 milhão de raparigas brancas de 12 e 14 anos - para não por em causa a diversidade cultural. As pessoas da esquerda, num grande número, estão dispostas a sacrificar crianças e adolescentes à sua ideologia de defesa de instituições extremistas, racistas e intolerantes.
Porque havemos de tolerar organizações anti-democráticas, misóginas e intolerantes no seu âmago?
Como é que podemos conviver na nossa sociedade com uma prática religiosa que defende a morte social das mulheres, a violação de mulheres brancas só por serem brancas, a pedofilia, a morte dos infiéis, a crença de que com a morte vem o paraíso de poderem violar 70 virgens - nem na morte as mulheres escapam de o paraíso dos homens ser o seu inferno - e outras barbaridades medievais do género?
E cita o Daniel que diz que chegámos aqui muito depressa. Só vocês que vivem na bolha dos privilégios de poderem ser burriciegos é que pensam que isto chegou depressa. E Daniel, como ela lhe chama, é um daqueles machistas encartados que se disfarçam de progressistas, como dizia a Mª João Marque no artigo anterior. Daniel foi um dos homens que se enxofrou nos jornais contra a lei dos piropos porque não queria abdicar de incomodar qualquer mulher do seu gosto com bocas de macho.
As minhas alunas, desde há anos que fazem queixa dos imigrantes islamitas. E algumas são, elas mesma, imigrantes de outras zonas e religiões. Em certas zonas, não podem sair à rua sozinhas ou têm de vir pelo caminho mais longo para a escola ou outro sítio qualquer por causa do constante assédio deles e têm medo deles. Câncio não pode ser tão burriciega que não saiba que os bairros de islamitas pela Europa fora são enclaves onde não entra ninguém, nem a policia; que nas cidades em que os islamitas são em maior número, como Marselha, as raparigas agora têm, ou cães perigosos ou porcos como animais de estimação para levar à rua, para os islamitas não se chegarem a elas.
Porque razão havemos de importar este inferno que vemos em outros países para o nosso?
Câncio e uma boa parte da esquerda caviar, no que respeita aos direitos humanos, são uns falsos progressistas (veja-se Guterres, o maior enabler da cultura fascista dos Estados Islâmicos), elas umas falsas feministas que defendem os direitos das mulheres em abstracto mas em concreto, defendem organizações que têm como fito explícito e defendido publicamente a anulação de qualquer direitos das mulheres.
Os jaonais, infelizmente, estão cheios de Câncios burriciegos.
A ofensa é crime em Portugal? Não sabia! Um coisa é difamação - por exemplo, chamar pedófilo a alguém que o não é -, outra é mandá-lo às malvas, chamar-lhe cavernícola, etc.
ReplyDeleteSerá que a Câncio já devolveu o computador ao Sócrates?
Não sei, ela é que diz aquilo, mas não lhe dou grande crédito.
DeleteA Câncio conheceu o Socas? Nahh...