O que a investigação nos diz sobre os grupos mais felizes

 

As mulheres mais felizes são as solteiras e os homens mais felizes são os casados. 

Os homens continuam a tirar do casamento aquilo que tiravam até há pouco tempo: alguém para lhes fazer os trabalhos da casa (cozinhar, tratar da roupa, etc.), alguém que os ouça, que os ajude com o stress do trabalho, cujo trabalho em casa lhes dê liberdade para construirem uma carreira, que lhe faça companhia, que esteja presente na cama, que trate dos filhos. Sim, os homens também querem uma relação significativa forte mas vivem bem sem ela se os outras áreas forem satisfeitas porque, (como ainda acontece em tantos países patriarcais em excesso) em geral, não sabem fazê-las estando sozinhos, nem procuram apoio de outros homens.

Em contrapartida as mulheres já não tiram do casamento o que dantes tiravam quando não podiam trabalhar e precisavam de um homem que as sustentasse e protegesse. Hoje em dia fazem isso sozinhas e como continuam a ter as outras competências de tratar da sua alimentação, roupa, etc., são mais felizes não tendo que 'trabalhar' horas extra para satisfazer as necessidades de um homem. Além disso, as mulheres em geral, recorrem a amigas para apoio, mais do que os homens e sendo casadas cheias de tarefas domésticas, perdem muita vida social. As mulheres também querem ter uma relação significativa e já não aceitam estar dentro de um casamento para serem apenas a auxiliar dos maridos.

Esta é a realidade do que dizem os inquéritos que se fazem sobre o tema.

Penso que é por isso que muitos homens de hoje se ressentem com as mulheres. Porque precisam mais do casamento do que elas. Porém, muitos não estão dispostos a mudar e trabalham para a reversão da situação. 

Os incels, o crescimento da presença dos homens nas religiões, o crescimento do machismo e da misoginia, as tentativas de inscrever na Constituição que o lugar das mulheres é em casa a tratar dos maridos, são tudo consequências da recusa em aceitar que as mulheres tenham a liberdade e o poder de dizer, não, pois isso retira-lhes poder e obriga-os a a evoluírem, tanto no domínio pessoal como profissional, onde têm mais competição.

Este ano lectivo, como me sobraram 3 aulas numa turma do 11º ano, elaborei 10 fichas relativas à construção de uma boa vida, para serem usadas ao longo da vida. Fui buscar uma série de frases de filósofos sobre o que é a boa vida e o que pode ser a felicidade que discutimos primeiramente, sempre relacionando com o tema, antes de lhes dar as fichas para responderem. 

As fichas estão divididas em dois grupos, digamos assim. Há fichas que se referem ao auto-conhecimento (partindo do princípio que não pode haver uma boa vida baseada no engano de si mesmo) e há fichas que se referem ao que podemos fazer e dizer a nós mesmos, baseados no auto-conhecimento, para ultrapassar os períodos baixos da vida e usá-los para dar-lhe significado. Não fui ver o que os miúdos escreveram nas fichas porque não era uma tarefa para partilhar, mas deixei-lhes esse instrumento, se não para a vida, pelo menos para os desafios dos próximos anos.