April 19, 2025

Porque é que há pressa

 


“The west as we knew it no longer exists. Europe is still a peace project. we don't have bros or oligarchs making the rules. we don't invade our neighbors, and we don't punish them."

              - Ursula von der Leyen ao Jornal Zeit

Rússia pede aos EUA para comprar jactos Boeing com activos congelados. Seria absolutamente escandaloso se os EUA concordassem com isto, em vez de entregarem os bens russos à Ucrânia como compensação. Espero sinceramente que isto nem sequer esteja a ser considerado.
bloomberg.com

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Há pressa porque daqui a 3 ou 4 anos não sabemos quem está à frente dos países da UE. Vimos como nos EUA Biden não fez o que devia ter feito e em um mês e meio Trump destruiu completamente a política externa americana e em mais dois meses destruiu a democracia americana. Em três meses tornou o país irreconhecível, tanto por dentro como por fora.

A Europa tem aqui uma oportunidade de se fortalecer, de se reinventar e de construir uma muralha de segurança relativamente à Rússia imperialista. Para o fazer precisa de apostar na Ucrânia e em si mesma. E há muita pressa, porque agora temos uma esmagadora maioria de líderes lúcidos e com a cabeça no lugar, mas a Europa é uma democracia e periodicamente há eleições e de repente tudo muda e não podemos correr o risco de uma meia-dúzia de Trumps ficarem à frente dos países a destruir tudo. 
Só aqui em Portugal temos 3 partidos Trump: o PCP, O BE e o Chega. Apoiam Putin com os mesmos falsos argumentos de Trump de não quererem guerras. 

Portanto, há muita pressa em dar passos concretos e não apenas fazer reuniões e falar. Os países que fazem parte da coligação dos que estão disposto a ajudar a Ucrânia tem de chamar os outros países para a coligação. Não nos podemos dar ao luxo de ter países alienados dos interesses da UE como se pudessem viver lá no seu cantinho a receber sem dar. Ora, a segurança é o bem mais importante que temos porque sem ela, não há UE que resista. 

E na UE tem de haver uma comissão que trabalhe em emendas ao tratado de base da União que permita coerência e união de facto. Tornar claras as fronteiras do que se considera aceitável e inaceitável aos seus membros e as sanções aplicáveis: perda de voto, perda de acesso ao espaço Schengen, perda de ajudas, perda de acesso a documentos sensíveis. Conjugar esforços e estratégias na defesa. Podemos ter vários exércitos diferentes, o que é bom, porque os países têm forças adaptadas às suas realidades - nós precisamos de uma marinha porque temos muito mar, outros países precisam de outras especificidades- mas fazer com que trabalhem em conjugação e não cada um para seu lado. 

A Ucrânia já assinou um pré-acordo com os EUA, sem nenhuma contrapartida em termos de defesa. Zero. Todas as contrapartidas são para Putin. Se calhar pensa-se que daqui a 4 anos os EUA terão outra administração que cumprirá acordos e os EUA deixarão de ser o nº 2 do líder do mundo opressor e oprimido, como é agora com Trump. Deus queira que sim. Porém, é preciso contar com a possibilidade de Trump estar a destruir a independência do poder judicial americano e a sobrepor-se ao Congresso e à Constituição para ficar lá mais tempo. Imitar Putin. Até já tem uma milícia privada de criminosos que tirou da prisão e agora lhe são leais.

De maneira que há pressa. Há muita pressa. Tempos diferentes precisam de ritmos e soluções diferentes.

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