March 16, 2025

Os novos nazis da tecnologia

 


Estou totalmente convencida que a estratégia de Musk-Trump de cortar as pensões, as ajudas e o acesso à medicina (Medicare) aos pobres, aos veteranos e aos doentes é para cumprir um plano de eugenia. 

Musk (como outros dos gigantes tecnológicos, como se vê neste artigo) está completamente obcecado com a questão da baixa natalidade. Tem centenas e centenas de publicações no X -e fora dessa rede social- a falar da catástrofe que nos espera por não termos filhos. 

A grande preocupação dele, no entanto, não é que acabem os bebés no mundo e a humanidade pereça. Não, a grande preocupação vem de saber que populações africanas e indianas têm imensos filhos e que, continuando o Ocidente com este déficit de filhos, um dia serão substituídos por essas outras populações que continuam a ter muitos filhos e que ele consideram de algum modo sub-humanos. Pelo menos, abaixo da sua estação de ser. Daí a sua obsessão em não querer certo tipo de imigrantes.

Uma dos argumentos que ele usa muito (e Trump também) é o de que as sociedades têm muitos idosos e, por isso, muito doentes, para além de deficientes. Não apenas os veteranos que voltaram deficientes e com doenças incapacitantes, mas todos os que nascem com deficiências devido ao avanço da medicina. Sem ela e pela lei de Darwin, nunca teriam sobrevivido. Toda essa gente que tem subsídios e ajuda médica estatal é vista como um fardo que consome o dinheiro que devia ser canalizado para o crescimento. A América, como eles dizem, está fraca - outro dia Trump disse publicamente que a população americana está fraca e em declínio, cheia de obesos e doentes.

Estou totalmente convencida que a estratégia de Musk-Trump de cortar todas as ajudas a essas pessoas, bem como desinvestir na pesquisa de doenças, nas vacinas, etc., é para cumprir um plano darwinista de selecção social. Vão sobreviver apenas os fortes e os ricos que podem pagar a medicina de que precisam. 
De resto, como se lê neste artigo, os ricos vão dedicar-se ao transhumanismo e criar filhos fortes e inteligentes - como se pessoas inteligentes não tivessem já, tantas vezes, posto o mundo à beira da extinção. Como diz Kant, sendo a pessoa de mau carácter, malévola, mais valia que fosse burra que fazia menos mal.

É esse o plano deles: os fracos, os doentes, os deficientes e todos que já não são úteis à sociedade vão para o lixo. Depois fabricam-se novos humanos à medida da sociopatia dos pais ricos. 

Musk-Trump não estão apenas a cortar as ajudas às pessoas como estão a destruir todos os dados e estatísticas relativos a essas pessoas, às doenças, à investigação, etc., numa estratégia de queimar os navios para que seja impossível voltar atrás.

Estes são os novos nazis: os donos dos gigantes tecnológicos e, em grande parte, donos de nós todos porque condicionam muito a nossa vida e moldam a cabeça das crianças e adolescentes à sua vontade, com a cumplicidade de pais desinteressados e ignorantes. 

Nazis, racistas e misóginos. É preciso que, quem tem poder para parar estes narcisistas sociopatas, tome medidas. Já.



Silicon Valley: 'tech bros' vão desenhar bebés do futuro

Malcom e Simone Collins consideram o declínio da natalidade o princípio do fim do mundo. “Uma ameaça existencial”, (...) e garantem que a única solução é “gerar muitos filhos” (têm quatro, sonham com 13), chave de um plano onde a tecnologia — incluindo a seleção genética — desempenha um papel fundamental.

Elon Musk (...) é destacado adepto desta escola de pensamento. Com 14 filhos (...) argumenta que “o colapso populacional é um risco maior para a civilização do que o aquecimento global”.

Musk prefere falar em “bomba populacional”, pois o declínio das taxas de fertilidade conduzirá a uma “catástrofe política e económica”. Malcom explica porquê. “Teremos um efeito dominó, resultado de uma série de colapsos. O colapso da fertilidade significa que entraremos numa era em que a economia encolherá todos os anos. O sistema económico e geopolítico essencial para o funcionamento das coisas começará a desaparecer.”

Segundo Kamp-Dush, indivíduos como Musk intitulam-se progressistas de direita, uma nova classe que olha para a tecnologia como a solução natural para os desafios da procriação. “Promovem um pró-natalismo seletivo: mais crianças, mas de um certo tipo.” O objetivo, avança, “não é salvar a América do declínio demográfico, mas assegurar que as suas crianças sejam as mais saudáveis, inteligentes e atléticas, a melhor versão de si mesmas.”

Sam Altman, fundador da Open AI (...) anteviu aqui um negócio. A Conception, uma das suas startups de biotecnologia, visa reconstruir o próprio conceito de reprodução, criando embriões artificiais a partir de células do sangue, que serão trabalhados em laboratório. Todos terão o mapa genético sequenciado, fornecendo mais opções às famílias.

Os olhos de Simone Collins brilham. Ela e Malcom recorrem à Life View, outra startup de Altman, que analisa os embriões e avalia o seu potencial genético, nomeadamente o quociente de inteligência (QI).

A republicana, que em novembro perdeu a corrida a um lugar no congresso estadual da Pensilvânia, mostra-se cada vez mais deslumbrada. “Um dos nossos embriões está no percentil 99,8 de inteligência. Extraordinário! É a joia da coroa.” Descarta riscos relacionados com teorias como a eugenia, popularizada por governos europeus no final do século XIX e na começo do XX. Inspirada na otimização biológica dos humanos, o regime nazi explorou-a como peça central da sua ideologia de pureza racial, que originou o Holocausto. “Não tem nada que ver”, defende Simone, soltando uma gargalhada. “Estamos a dar a liberdade aos pais de escolherem os traços que pretendem valorizar. Uns podem preferir filhos hiperinteligentes, outros atletas prodigiosos. Se for possível, teremos pessoas com capacidade para mudar definitivamente a sociedade.”

UMA MONSTRUOSIDADE”
Fontes da área da bioética apontam ao Expresso o potencial discriminatório das tecnologias em causa. “Suscitam-me imensas preocupações. Sabemos que pessoas e governos usaram estas ideias para segregar e até exterminar certas populações”, resume Christine Grady, professora na Universidade Johns Hopkins. Lembra a eugenia, “muito popular até há pouco tempo se tivermos em conta o grande arco da História, mas que parece a todos — espero — uma monstruosidade”.

Douglas Hanto, docente na Universidade de Harvard, insiste que a nova vaga pró-natalista “não está preocupada com o declínio populacional, apenas com os tipos de populações que continuam a reproduzir-se”, algo “ligado a nacionalismo, raça e classe social”

Expresso (excertos)

4 comments:

  1. Se pudesse usar essa tecnologia para não ter doenças, não envelhecer e perder força física ou para viver o dobro do que espera viver recusava-a ou usava-a?

    ReplyDelete
    Replies
    1. Não sou contra a tecnologia, pelo contrário. Uso a tecnologia para melhroar a saúde e a vida. Mas isso é diferente de fabricar uma raça de super-homens. Uma dos aspectos positivos da morte é que ela leva os malévolos. Imagine-se um Putin a viver 200 anos ou 500.

      Delete
    2. Os bons também morrem.

      Delete
    3. Os bons morrem de qualquer modo. São quase sempre os primeiros a ir. Não têm a «vantagem» dos maus: ser capaz de mentir, ser capaz de crueldade, de fazer mal, de apunhalar, de abusar do poder, de matar...

      Delete