Síria: celebração e indignação
Álvaro Vasconcelos
A celebração da queda da dinastia Assad é acompanhada por um sentimento de indignação com os que negam aos sírios a genuinidade da sua aspiração à liberdade.
A transição num país fragmentado e destruído por 13 anos de guerra, nomeadamente pelos bombardeamento russos, é um desafio gigante: os rebeldes islamistas do Hayat Tahrir Al-Cham (HTC) terão que se normalizar como força política e aceitar a autonomia do Curdistão Sírio – o que a Turquia, o seu maior apoio, quer impedir. O Daesh espreita a oportunidade para renascer e Israel conquista território nos Montes Golã. A justiça impõe-se como uma difícil questão da transição, quando, perante o horror dos crimes, surgem apelos à vingança.
------------
Ouvi há pouco no canal France24 entrevistas a homens sírios, jovens e menos jovens, numa região da Síria controlada por fundamentalistas. À pergunta sobre as prioridades, agora que o regime caiu, respondiam ser a submissão das mulheres. Defendem que primeiro será preciso puni-las severamente se não usarem véu, se não aceitarem a submissão aos homens, etc. e que depois elas habituam-se a ser servas e espalha-se a sharia a todo o país.
Portanto, é bom que a ditadura criminosa e bárbara de Assad tenha chegado ao fim, mas ela só traz liberdade aos machos - para as mulheres o mais certo é continuar e até piorar com uma vida de esclavagismo e segregação religiosas, à maneira dos talibãs, iranianos, sauditas, palestinianos, etc.
No comments:
Post a Comment