July 28, 2023

Somos um país de 10 milhões de habitantes

 


Mas temos escolas com ratios de países de 100 milhões de habitantes. 


Nas escolas do interior, um outro modelo poderia atrair pessoas de volta ao território

Camilo Soldado geógrafa e académica

Há duas tendências pesadas que atravessam todas as áreas da sociedade portuguesa: o envelhecimento e a diminuição populacional. O país precisa de atacar esses problemas enquanto atravessa um “período de grandes alterações climáticas, tecnológicas e demográficas”, introduz a geógrafa Teresa Sá Marques, que foi a coordenadora científica e técnica do Programa Nacional das Políticas de Ordenamento do Território (PNPOT), em 2019.

Nas escolas do interior, um outro modelo poderia atrair pessoas de volta ao território
Mas pode haver um ângulo de ataque: “O principal investimento no futuro é em educação”, sublinha a também professora na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em entrevista ao PÚBLICO, a propósito do Relatório do Ordenamento do Estado (REOT), que é o primeiro momento de avaliação do PNPOT e que, nesta sexta-feira, está pelo último dia em consulta pública.

Mesmo nos territórios de baixa densidade, onde o envelhecimento da população é ainda mais acentuado e as crianças são cada vez menos. “Temos de garantir acessibilidade às escolas na mesma”, defende. Nestas áreas do país que perdem pessoas, poderia apostar-se num modelo de “turmas com menos alunos, mas de grande qualidade” no projecto educativo.

Só investindo nesta área se consegue contrariar essas tendências pesadas, argumenta. Mesmo nos territórios de baixa densidade, onde o envelhecimento da população é ainda mais acentuado e as crianças são cada vez menos. “Temos de garantir acessibilidade às escolas na mesma”, defende. Nestas áreas do país que perdem pessoas, poderia apostar-se num modelo de “turmas com menos alunos, mas de grande qualidade” no projecto educativo.

A proposta implicaria mexer nos rácios de professores e técnicos, mas isso já acontece com territórios identificados como vulneráveis em matéria de educação, explica. Este modelo, considera, poderia até ser um factor de atracção de famílias que residem em territórios populacionalmente mais densos.

Por outro lado, também essas áreas mais densas do país, como as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, precisam das suas medidas específicas. “Em Lisboa, por exemplo, há escolas com 40 nacionalidades diferentes e problemas de integração”, nota. “Temos de ter recursos para essas diferenças”, diz.

“Estamos a envelhecer e isso vai continuar”, alerta. Embora alguns territórios tenham recuperado nos últimos dois anos, essencialmente por causa da chegada de imigrantes, o país não estava a levar a sério o problema, considera. O saldo natural permanece negativo e a chegada de pessoas é a forma de equilibrar a balança demográfica. Mas é preciso que os territórios sejam atractivos, aponta.

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