May 08, 2023

Grace Bumbry (1937 - 2023)

 

Morreu ontem. Uma mezzo com uma voz enorme, poderosa e exuberante que cantava coisas tão distintas como Massenet, Verdi, Puccini, Wagner, Schubert e Handel. Também cantava papéis de soprano, o que não é nada vulgar.

Não sei, parece que já não se fazem vozes destas. Estou a ser injusta, claro, mas é tão difícil encontrar numa pessoa só, a voz grande, plástica, brilhante, acompanhada de uma inteligência musical rara. Ela tinha isso tudo. Enfim, ficamos com gravações, o que não é nada mau.

Alguns vídeos, como este, Pleurez, mes yeux, uma aria de Le Cid de Jules Massenet, só podem-se ver-se no YouTube, mas vale a pena ir lá ver e ouvir esta artista extraordinária, que canta aqui no seu melhor, não só na voz mas no tom com que canta esta sofrida aria. Absolutamente comovente.


Grace Bumbry era uma daquelas artistas que se apropriava dos papéis com o seu enorme carisma. A sua Amneris em 1973, em Londres é lendária. Pode ver-se aqui um pequeno excerto. O som não é extraordinário, mas mesmo assim vale a pena. Assim como a sua Carmen e muitas outras personagens que cantou e encarnou.

Ou aqui, a cantar o papel da princesa Eboli do Don Carlo de Verdi, um papel cheio de coloratura onde mostra o seu domínio absoluto da técnica e controlo da sua própria voz.


1984, Londres, concerto na ROH, a cantar, Pace, pace mio Dio, com uma voz límpida e, no final, vulcânica, arrepiante. 


Concerto com Bumbry, no Festival de Lugano em 1991. Só canta arias difíceis. Tu Che Le Vanita, aos 30 minutos, é uma aria para soprano, bastante difícil de cantar. Ninguém diria. O que uma pessoa não dava para ter ouvido uma voz destas ao vivo...


A Carmen. A canção cigana, conduzida por Karajan.

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