Uma luta digna
Desde Setembro que os professores tentam encontrar um entendimento com este governo do PS. Há mais de 20 anos que os professores reivindicam respeito, consideração e dignidade para a sua profissão. António Costa e o seu partido julgam que este momento não é tão grave como o de 2008, que os fez perder a maioria absoluta nas eleições seguintes. O primeiro-ministro julga que “as manifestações não têm a ver com este governo, mas com anos acumulados de frustração”; logo, cedo os encarregados de educação e a sociedade civil se fartarão dos professores e da sua luta e estes acabarão por ter de desistir. Em 2019, Costa ameaçou demitir-se por não querer contabilizar o tempo congelado dos professores, aumentar os salários, diminuir o trabalho burocrático que retira tempo ao que é importante - que é ensinar -, permitir uma avaliação mais justa do seu trabalho. E o que são os outros funcionários públicos mais do que estes para lhes ser admitido tudo isto e aos professores não? O que tem o primeiro-ministro contra os professores que não lhes quer reconhecer o tempo de serviço, a dignidade do seu trabalho, o seu esforço, e que não o faz desde o tempo em que era o número dois de Sócrates? Talvez o Governo pense que os professores se cansarão e a opinião pública também. Porém, esta profissão é uma das bases do país e, se um destes pilares ruir, o topo fica frágil. Pode cair. E, com um governo tão maioritariamente vulnerável que parece um queijo suíço, esta luta e a sua força podem prejudicar mais António Costa do que ele julga. Os tempos são outros, o cansaço é maior e há a sensação perigosa que dá ainda mais força aos professores: já não têm mais nada a perder. E o PS?
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