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March 10, 2023

Desobediência civil

 

"O participante na desobediência civil não (...) existe nunca como indivíduo isolado; só pode funcionar e sobreviver como membro de um grupo. Isto raramente é admitido e, mesmo nas raras circunstâncias em que o é, só marginalmente é mencionado; “a desobediência civil praticada por um indivíduo isolado não tem probabilidade de ter muito efeito. O indivíduo será olhado como um excêntrico mais interessante de observar do que de suprimir. A desobediência civil significativa, portanto, será praticada por um certo número de pessoas que têm uma comunidade de interesses”.»

Desobediência Civil (trad. João C. S. Duarte)https://relogiodagua.pt/autor/hannah-arendt/




February 07, 2023

Uma luta digna

 



Uma luta digna


Desde Setembro que os professores tentam encontrar um entendimento com este governo do PS. Há mais de 20 anos que os professores reivindicam respeito, consideração e dignidade para a sua profissão. António Costa e o seu partido julgam que este momento não é tão grave como o de 2008, que os fez perder a maioria absoluta nas eleições seguintes. O primeiro-ministro julga que “as manifestações não têm a ver com este governo, mas com anos acumulados de frustração”; logo, cedo os encarregados de educação e a sociedade civil se fartarão dos professores e da sua luta e estes acabarão por ter de desistir. Em 2019, Costa ameaçou demitir-se por não querer contabilizar o tempo congelado dos professores, aumentar os salários, diminuir o trabalho burocrático que retira tempo ao que é importante - que é ensinar -, permitir uma avaliação mais justa do seu trabalho. E o que são os outros funcionários públicos mais do que estes para lhes ser admitido tudo isto e aos professores não? O que tem o primeiro-ministro contra os professores que não lhes quer reconhecer o tempo de serviço, a dignidade do seu trabalho, o seu esforço, e que não o faz desde o tempo em que era o número dois de Sócrates? Talvez o Governo pense que os professores se cansarão e a opinião pública também. Porém, esta profissão é uma das bases do país e, se um destes pilares ruir, o topo fica frágil. Pode cair. E, com um governo tão maioritariamente vulnerável que parece um queijo suíço, esta luta e a sua força podem prejudicar mais António Costa do que ele julga. Os tempos são outros, o cansaço é maior e há a sensação perigosa que dá ainda mais força aos professores: já não têm mais nada a perder. E o PS?