Deixar-se escrutinar? Vivemos numa sociedade civil, num Estado de Direito. Portugal não é a monarquia eletiva do Vaticano. Já havia tanta denúncia que não era mais possível impedir a investigação e a questão é que a Igreja tentou ao máximo e por todos os meios negar que houvesse pedófilos entre os padres e outros responsáveis cristãos; evitar até onde podia a investigação; influenciou as leis para safar padres pedófilos e encobriu todos os crimes durante dezenas e dezenas de anos. Não deu à comissão acesso aos arquivos e tentou menosprezar a investigação quando ela começou.
E não são cinco centenas de vítimas, são 5000! As que falaram até agora - e sabemos que nestes crimes são muito poucos os que falam. Por vergonha e porque a igreja tem muito poder que não hesita em usar contra as vítimas se isso for necessário para manter a sua imagem.
A Igreja precisa de encontrar formas de impedir que isso aconteça, acolhendo as vítimas, oferecendo-lhes meios de reconstrução psicológica, permitindo-lhes caminhos de recuperação da confiança em si mesmo e procurando com elas modos de lhe dar protagonismo público. O quê?? Mas quem é que são as vítimas de violações sistemáticas que querem uma relação de amizade com os seus algozes violadores? Mas estas pessoas vivem em que mundo?? Os criminosos que cometeram estes crimes têm de ir para a prisão e nunca mais incomodar as vítimas. As pessoas da igreja não estão acima da lei.
Há ainda, pelo menos, 100 padres pedófilos no activo. A quantas crianças e adolescentes têm acesso? Quem são os pais que agora, olham para os padres e orientadores católicos em geral dos seus filhos sem pensar duas vezes?
Este é um artigo de relativização do crime e até elogio do comportamento da igreja... até as palavras faltam... repugnante.
Três exigências de uma dor imensa
Jorge Wemans
Este é um artigo de relativização do crime e até elogio do comportamento da igreja... até as palavras faltam... repugnante.
Três exigências de uma dor imensa
Jorge Wemans
Ao tornar-se a primeira instituição do país a deixar-se escrutinar sobre esta matéria por uma comissão independente, a Igreja Católica recuperou parte da credibilidade perdida.
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