February 13, 2023

Não Senhor Bispo, a mudança não está a acontecer




O seu discurso é de encobrimento e relativização. Até as palavras faltam. Quase 5000 vítimas. As que falaram, pois as que não falaram, segundo as estatísticas deste casos, serão umas 100 mil. Pessoas completamente destruídas por dentro o por fora, elas e as suas famílias e, muito provavelmente os filhos, porque sabemos que uma percentagem grande de vítimas da pedofilia tornam-se eles mesmas abusadores. E no meio isto tudo, o que diz o bispo? "Não vamos fazer caça às bruxas, os pedófilos vão pedir perdão pelos 'erros' e mudar de vida" e pronto.

Até as palavras faltam. Toda a cúpula da igreja que encobriu estes crimes é culpada de cumplicidade com criminosos e tem que ser acusada. A começar por este bispo. Alguém acredita que o tipo não sabia...? Houve uma vítima que conseguiu ir à justiça e a igreja usou o todo o seu poder para o destruir a si e à família ao ponto de terem que fugir dali... mas alguém acredita que ele e os seus comparsas da cúpula não estão dentro disto? Nem há palavras para este nojo. 

Os padres pedófilos têm que ir parar à cadeia porque são criminosos. E todos os que de uma maneira ou de outra estiveram ligados a estes crimes hediondos têm que ser acusados e imediatamente afastados dos cargos.

Estes bispos, mais o cardeal e todos os outros que estão por dentro deste horror e o encobriam deviam ter tomado a iniciativa de serem eles a caçar os pedófios no seu seio e a entrega-los à justiça. 
Era uma maneira de mostrar que, de facto, a igreja é uma instituição cristã, com ética e que se preocupa mais com as vítimas que com a sua imagem. Como não o fizeram e até andaram a dizer, há uns anos, que em Portugal não havia pedofilia, que isso era coisa de anglo-saxões, agora, com o seu silêncio criminoso, mancharam todos os padres. Pois agora quem é que agora confia uma criança ou um adolescente a um padre? E quem é que agora olha para um padre sem se perguntar...? Também disso são culpados. De manchar todos para safar uns e a sua imagem.

Isto é tudo um nojo. Pelos visto até conseguiram influenciar a lei de maneira que se uma vítima não fizer queixa até aos 23 anos, já nunca mais pode fazer e o pedófilo fica livre para ir abusar de outros... há aqui uma intenção óbvia de prejudicar a vítima e safar o criminoso. Não há palavras para isto.

Quanto a mim, devia tornar-se público o nome dos padres pedófilos que forem condenados. Que partilhem um átomo da humilhação e sofrimento que causaram às crianças e adolescentes suas vítimas. 

Isto é tudo abjecto e ouvir o bispo dizer que, enfim, todos erram, a tentar minimizar os crimes de pedofilia e o encobrimento de pedófilos é repugnante.

Pedido de perdão às vítimas não será apenas "uma questão de palavras"


Relatório sobre abusos exprime "dura e trágica realidade", referiu o presidente a Conferência Episcopal Portuguesa. "Não toleraremos abusos nem abusadores", destacou o bispo D. José Ornelas.

Relatório assinala, prosseguiu, "várias consequências destes crimes que podem ter estado na origem de dramas e sofrimentos incomensuráveis que marcaram vidas inteiras".

"Os abusos de menores são crimes hediondos. Quem os comete têm de assumir as consequências dos seus atos e as responsabilidade civis, criminais e morais daí decorrentes. É preciso que reconheçam a verdade sem nada esconder, que se arrependam sinceramente, que peçam perdão a Deus e às vítimas", continuou o bispo. "Que procurem uma mudança radical de vida com a ajuda de pessoas competentes, na certeza de que o caminho da justiça encontrará sempre lugar no coração bondoso de Deus", prosseguiu José Ornelas, reconhecendo que o estudo da Comissão Independente apresenta um "número muito maior" do que aquele que tinha sido apurado até agora.

"Pedimos desculpa por não termos sabido criar formas eficazes de escuta e de escrutínio interno e por nem sempre termos gerido as situações de forma firme e guiada pela proteção prioritária dos menores", admitiu.

Considera, no entanto, que "a mudança está a acontecer".

Após a declaração, o bispo D. José Ornelas afirmou que a CEP não tem, para já, acesso sobre casos individuais. "Não antecipo cenários sem saber do que se está a tratar".

Admitiu que um dos dados que o impressionou foi o facto de 77% das pessoas que testemunharam perante a comissão independente não terem comunicado os abusos às comunidades diocesanas.

"Não é um processo acabado, é um processo iniciado", sublinhou.

O presidente da Conferência Episcopal revelou que tinham estimado investir cerca de "200 mil euros" na comissão independente.

"É natural que isso possa subir ou descer, não sei. Posso garantir que não faltámos à comissão com aquilo que era necessário. Tudo aquilo que nos foi pedido para que a comissão tivesse os meios necessários foi disponibilizado. Penso que isso está claro para todos. Nestas coisas vale bem a pena gastar uns tostões. É uma realidade que nos penaliza, não é fácil tratá-la. Vi, tantas vezes, o desgaste emocional que isso causa nos próprios investigadores. Mas não podemos deixá-la como está, não nos resignamos nunca a isso", afirmou José Ornelas.

Questionado sobre se a Igreja Católica está disponível para expulsar as pessoas identificadas como abusadoras, D. José Ornelas recordou as palavras do Papa. "O que o Papa diz e isso também é muito claro para nós, abusadores de menores não podem ter cargos dentro do ministério. Isso é muito claro".

"Desde que seja provado que uma pessoa é abusadora, não tem lugar" na Igreja, reforçou.

O presidente da CEP, no entanto, não foi claro sobre o que acontecerá aos clérigos ou outros membros da igreja sobre os quais recaiam suspeitas e cujos nomes possam constar da lista de abusadores que a igreja ainda não recebeu, mas recusou qualquer processo de "caça às bruxas".

"São momentos dolorosos, mas também libertadores e é nesse sentido que acho que é importante para nós todos como sociedade e como igreja que passemos por este momento, que não é fácil, mas sobretudo que seja libertador e que seja justo minimamente para estas pessoas para que se possa criar ao seu redor e para o futuro um mundo em que tenham dignidade e onde possam saber que não foram elas as culpadas disto e que não podem viver com essa mácula interna para a vida. Outros é que são a censurar por causa disso", disse.

A Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas desde que iniciou funções em janeiro de 2022, anunciou hoje o coordenador Pedro Strecht, que referiu ainda que esta comissão enviou para o Ministério Público 25 casos.

Notícia atualizada às 19:22

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