Li o artigo desta historiadora e tudo o que diz, concorde-se ou não, faz sentido, até chegar ao último parágrafo onde faz a seguinte pergunta, Pode-se hoje classificar de fascista a onda nacionalista de extrema-direita, racista, xenófoba e reaccionária e compará-la à vaga de ditaduras que assombrou a Europa do século passado? A minha questão é: porque é que reduz a onda fascista à extrema-direita? Não há fascismo de extrema-esquerda? É que as características que ela aponta como definidoras do fascismo tanto servem à extrema-direita como à extrema-esquerda: o regime de Putin não é fascista? Não é racista, xenófobo, reacionário, defensor de um excepcionalismo do homem russo que quer renovado e espalhado além fronteiras, pelo menos nas nações do Báltico? Não defende o extermínio dos ucranianos por serem inferiores, a sua elevação cultural através da russificação das crianças? E a China, não é fascista? Não é racista e xenófoba? Xi Jinping não disse no congresso que o povo chinês vai fazer coisas extraordinárias que ninguém até hoje fez? O Estado chinês não se dedica ao extermínio da minoria Uigur por não estar de acordo com a sua cultura superior? Não são um país de um só partido cujo líder se identifica populisticamente, com o povo e promove o castigo e eliminação dos que não se identificam com o homem superior? Isto não é fascismo? O termo fascismo só se aplica à extrema-direita? Então como chamamos a estes fascismo de extrema-esquerda?
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Estará a haver um retorno do fascismo?
Depois da II Guerra Mundial, o termo "fascismo" transformou-se num conceito com má fama, que define múltiplos aspectos de um movimento ou regime, que extravasou as definições académicas e foi apropriado - e bem - pela opinião pública. Tal como Pedro Tadeu, deixo aqui umas perguntas: Pode-se hoje classificar de fascista a onda nacionalista de extrema-direita, racista, xenófoba e reaccionária e compará-la à vaga de ditaduras que assombrou a Europa do século passado? E utilizar o termo "fascismo", hoje? Não tenho nada contra, enquanto académica e cidadã preocupada, pois a palavra-conceito remete para o que conhecemos dessa onda e serve de alerta.
Irene Flunser Pimentel, Historiadora in O Fascismo existiu e existe?
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