"Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que encara fixamente. Os seus olhos estão escancarados, a sua boca dilatada, as suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. O seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa aos nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos, mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se nas suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso."
Walter Benjamin
Na quarta-feira, a propósito de uma imagem que projectei numa aula para provocar uma reflexão que ajude os alunos a compreender a perspectiva da arte abstracta, surgiu uma discussão (porque um aluno interpretou a imagem como uma representação da história humana) sobre se há progresso da humanidade ou se há regresso da humanidade, em termos morais. E dois alunos tomaram posições opostas e argumentaram a questão um com o outro e um tinha a percepção pessimista de Benjamin e dizia que a história é um amontoado de catástrofes que os seres humanos infligem uns aos outros e que o progresso da técnica só ajuda a destruir mais e com mais eficácia e o outro dizia que não, que hoje-em-dia há mais educação, melhor saúde, mais respeito pelos direitos dos animais, mais consciência dos problemas, etc. Foi interessante.
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