August 28, 2022

Os professores que aí vêm não vão ser como os que agora se vão

 


Entram nas escolas para leccionar matemática com uma cadeira de estatística do curso de Psicologia (foi por isso que o ME mandou mudar o programa de matemática para se centrar em estatística?) e passados três anos de trabalho entra na carreira como professor. 

Os professores que estão a ir embora são pessoas com  formação superior (licenciatura, mestrado e doutoramentos), não apena nos temas que leccionam, mas também em didáctica, em pedagogia e em desenvolvimento curricular. 

Houve uma altura em que tínhamos professores suficientes para se reduzir o número de alunos por turma, ter disciplinas de opção, do interesse dos alunos e ainda garantir actividades extracurriculares. Em vez de se aproveitar esse capital resolveu-se poupar dinheiro (era preciso enfiar dinheiro nos banqueiros...) fazendo cortes à toa: despedir professores e encher os que sobravam de turmas com mais e, não menos, alunos. Fomos muitos os que logo aí falámos de como essas medidas hipotecavam o futuro da educação, porque essa medida típica de um capitalismo acéfalo e predatório já tinha sido tomada em outros países com a consequência da falta de professores e degradação do ensino - mas os governantes repetiam como papagaios que em dez anos já não haveria alunos e não seriam precisos professores. Já passaram mais de uma dúzia de anos e estamos onde já sabíamos que íamos estar. Um capital cheio de potencial deitado para o lixo. E quando pensamos que não é possível um ministro fazer pior...




4 comments:

  1. Será que vêm professores ou meros biscateiros?
    Se a malta nova não quer ser professor à entrada da universidade, quererá sê-lo à saída?

    ReplyDelete
  2. Vão 'dar umas aulas' para ganhar uns trocos enquanto não arranjam melhor e depois alguns acabam por ficar. Como acontecia nos anos 80 onde tive colegas que andavam no primeiro ano da faculdade a dar aulas ao 11º ano e pessoas com 'formação em monitor da mocidade portuguesa' a dar ginástica, como se chamava então. Estes casos eram relativamente comuns.

    ReplyDelete
  3. Sim, nos anos oitenta, eu tinha colegas na Faculdade a dar aulas e andavam no 2º ano do meu curso. Eu só fui dar aulas após a conclusão da Licenciatura que era de 5 anos, nessa altura.
    O que vai acontecer é que o ensino se vai degradar ainda mais....
    Eu conheço um casal que tinha outras profissões, foram dispensados com a pandemia e agora estão no ensino. Entraram este ano que terminou e vão continuar. Não têm formação pedagógica nenhuma mas aposto que o Ministério há de arranjar qq coisa para que eles possam entrar na carreira. É claro que vão andar a marcar passo uma data de anos, mas pronto.
    Olha, a minha filha já tinha ideia de pôr os filhos que pretende vir a ter na escola francesa do Porto. E eu acho muito bem!
    UmaMaria

    ReplyDelete
  4. A minha mãe andou no Liceu Francês Charles Lepierre antes de ir para o Pedro Nunes, mas eram outros tempos... os anos 30 e 40 do século passado. Percebo isso, mas faz-me pena que as pessoas abandonem a escola pública, porque a educação já foi bastante boa e era nisso que o país devia apostar.

    ReplyDelete