Vamos lá operacionalizar isto.
Carlos Grosso
Excerto
(...)
De cada vez que cada um dos 129 alunos da professora Joana resolve um item, ela vai escrever 129 pequenos textos que ajudem cada um dos seus alunos a perceber se cumpriu a tarefa com sucesso, se a cumpriu com algum sucesso, se tem de se esforçar e estudar um pouco mais ou se está completamente perdido relativamente àquele assunto, tudo isto acompanhado pelos respetivos smiles, desde a boca com a concavidade voltada para cima e os olhos a brilhar até ao esgar mais furioso, com os dentes a ranger, passando pelo estimulante piscar de olho, já que os coraçõezinhos não serão apropriados na relação professora-aluno.
Imaginando que a correção minuciosa da tarefa, a produção do pequeno texto descritivo e a busca do smile apropriado pode levar uns 15 minutos por item, que um teste de avaliação pode ter dúzia e meia de itens, que se fazem vários testes de avaliação por ano, nunca menos de meia dúzia (mas que, segundo as orientações superiores, devem ser muitos e frequentes), não sobra tempo para a senhora professora Joana escovar os dentes.
«É só fazer as contas», lembrando a frase célebre de um apaixonado pela educação. Contando só com meia dúzia de testes por ano, dá 497,5 dias. Mais o tempo que se despende na escola, com a componente letiva e não letiva (24 horas por semana), mais o tempo de preparação das mesmas, contando também com as reuniões de departamento, de conselho de turma, do grupo de docentes da Educação para a Cidadania, da Flexibilidade Curricular, etc., adicionando dois dias de descanso por cada cinco dias de trabalho e ainda um mês de férias, ficamos com 1017,4 dias por ano ocupados.
Imaginando que a correção minuciosa da tarefa, a produção do pequeno texto descritivo e a busca do smile apropriado pode levar uns 15 minutos por item, que um teste de avaliação pode ter dúzia e meia de itens, que se fazem vários testes de avaliação por ano, nunca menos de meia dúzia (mas que, segundo as orientações superiores, devem ser muitos e frequentes), não sobra tempo para a senhora professora Joana escovar os dentes.
«É só fazer as contas», lembrando a frase célebre de um apaixonado pela educação. Contando só com meia dúzia de testes por ano, dá 497,5 dias. Mais o tempo que se despende na escola, com a componente letiva e não letiva (24 horas por semana), mais o tempo de preparação das mesmas, contando também com as reuniões de departamento, de conselho de turma, do grupo de docentes da Educação para a Cidadania, da Flexibilidade Curricular, etc., adicionando dois dias de descanso por cada cinco dias de trabalho e ainda um mês de férias, ficamos com 1017,4 dias por ano ocupados.
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A Educação sofre de uma moléstia grave. Os pensadores da Educação (a maioria dos quais Parol.edu.conça, que, estando a libertar-se do condicionamento da «geringonça», vai tentando transformar-se em Parol.edu.mando) gostam de mudar, de alterar, pois a evolução faz-se de mudança (grande Camões: Todo o mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades.). Contudo, alterar é diferente de evoluir. Veja-se o que está a acontecer na Ucrânia. Quem dirá que a alteração é uma evolução? (Há sempre alguém que diz… sim).
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