Um sudanês que viveu em Inglaterra e foi educado em Oxford regressa à sua aldeia e encontra lá um estranho, Mustafa Sa’eed, que também já esteve emigrado em Inglaterra, e que se aproveitou, então, do exotismo da sua aparência negra de árabe -do ponto de vista inglês- e do imaginário orientalista em voga para seduzir mulheres e finalmente matar a sua esposa inglesa, por quem tem amor e ódio ao mesmo tempo. O colonizado e o colonizador. O colonizador é quem constrói este Mustafá Sa’eed ao mesmo tempo atraído pela inteligência educada do Norte e rancoroso da sua invasão e esmagamento do Sul. Mustafa Sa’eed volta ao Sudão depois de livre, para se dedicar à agricultura, essa tarefa de fazer crescer, sem farsas. Ele sentia-se, desde criança, um outsider, frio, um estranho, uma farsa.
O livro aborda o fascínio dos povos do Sul pelo Norte -a educação, o desenvolvimento tecnológico, a liberdade, etc.-, e a contradição desse fascínio que vem com a consciência da continua colonização violadora de África.
Fala das mulheres. A relação entre mulheres e homens na Inglaterra e no Sul, onde as mulheres enquanto pessoas são invisíveis. Muita violência.
O livro é muito complexo. Tem óbvias influências de Shakespeare. No final o narrador que retorna à aldeia ao fim de muitos anos de ausência, na realidade já não volta, verdadeiramente, é um ser entre mundos.
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