Há o modo como as coisas sempre foram no campo da relações internacionais, isto é, a força sempre se impôs, e esse modo como as coisas sempre foram, condicionou a resposta de muitos países na questão das sanções à Rússia.
Depois, há este novo presente que rompeu com o passado de tolerância da lei do mais forte nas relações internacionais e levou à união de muitos países no apoio e na defesa de um país agredido. Este presente, inesperado, deve-se a vários factores que hão-de ser estudados. Um deles, parece-me, tem que ver com lideranças: a liderança do Presidente da Ucrânia obviamente, mas também a liderança da Presidente da Comissão Europeia e do Presidente dos EUA. Esta união de países, de apoio à Ucrânia e contra a tirania não seria possível, a meu ver, nem com Juncker, nem com Trump. O que significa que há agora, quando a guerra acabar, uma janela de oportunidade para fazer mudanças na ONU, aproveitando este ímpeto, de maneira a mudar o futuro e construir uma nova realidade em que não seja possível um país violar a soberania e território de outro impunemente, como a Rússia está a querer fazer e o diz publica e arrogantemente, como se o mundo lhe pertencesse: A Rússia chegou definitivamente à região de Kherson e não haverá regresso ao passado, disse o secretário do Conselho Geral da Rússia Unida, Andrey Turchak.
Seria uma pena que este ímpeto acabasse por ser uma anomalia e se perdesse como uma espécie de originalidade irrepetível. Porém, para que essa reforma da ONU, de que falo aqui, na primeira parte destas notas, seja possível, é preciso que as democracias liderem pelo exemplo e trabalhem no sentido de se conseguir assinar um acordo de consequências práticas, que as comprometa também a elas, no caso de violarem as regras do direito internacional.
Guterres, por exemplo, se quisesse deixar o seu nome ligado a uma renovação positiva da ONU no sentido de lhe dar mais conteúdo, para que a instituição não morra da doença da excessiva formalidade, podia fazer qualquer coisa nesse sentido.
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