Que é uma atitude que irrita muita gente, porque odeiam professores. Platão tinha muita razão quando dizia que a maioria das pessoas não pensa e não tem nenhuma realidade. São fogo-fátuo: ligam aos títulos, aos cargos, às honrarias, aos símbolos de sucesso, ao dinheiro e outras coisas que não acrescentam substância a ninguém. Por isso passam o tempo a falar mal dos outros, a tentar destruir outros para se promoverem ou só para aparecerem como superiores mas não pensam nada pela sua cabeça. Não há lá nada a não ser imitações.
Gosto de ser professora de Filosofia. Incentivo os meus alunos a pensarem por si, a provocarem-me, a contestarem-me e a discutir comigo pontos de vista possíveis para os problemas. Digo-lhes que cada pessoa tem uma raio de acção no mundo e dentro desse raio de acção deve exercer a sua influência com espírito de crítica e de cidadania. E como ainda estão na idade (a maioria) de poderem mudar, ao contrário da maioria dos adultos que já petrificou nos seus preconceitos e dogmas, vê-los a transformarem-se de adolescentes intelectualmente passivos a jovens intelectualmente activos, é um grande prazer.
Os meus alunos estão na idade de acreditarem que podem mudar o mundo e a maioria acredita que vale a pena e ainda têm coragem de o tentar. Não estão petrificados nas TINAs. São possibilidades. E eu também acredito. Se não acreditasse não era professora. Acredito no lema do iluminismo, sapere aude.
Isto é um desabafo porque estou farta de pessoas que me chamam nomes porque detestam professores (quero lá saber disso) ou só por machismo, ou que até me acusam de ser professora como se fosse um crime ou algo negativo ou como se me devesse envergonhar de ser professora. É ao contrário. É algo que me traz satisfação, sentido de utilidade e gratificação. E muitos amigos, o que também é bom.
E quem acha que ser professor numa escola é uma coisa insignificante e que por isso todos nós, professores, somos ridiculamente insignificantes, quanto a mim está no fundo da caverna. E nem vou explicar o que isso quer dizer, mas é por isso que em geral prefiro os meus alunos adolescentes que muitos adultos: é porque ainda não desceram ao fundo da caverna de maneira que é possível tirá-los de lá.
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