March 14, 2022

A Europa tem uma crise racista?

 


Esta ideia de que os europeus são racistas até à medula pela maneira como recebem os refugiados ucranianos e como receberam os refugiados da Síria faz-me lembrar aquela piada,  

Na segunda-feira bebi quatro bagaços e uma Coca-Cola e acordei com dores de cabeça. Quarta-feira bebi três Brandys e três Coca-Colas e fiquei cheio de dores de cabeça. Sexta-feira bebi seis uísques e duas Coca-Colas e mais uma vez fiquei com dores de cabeça. É evidente que tenho de deixar de beber Coca-Cola senão nunca mais me livro das dores de cabeça.

O que fica evidente nesta piada, é a facilidade com que se raciocina pela superfície sem olhar a elementos não visíveis. E é exactamente o que se faz neste twitt: como os ucranianos são brancos e os sírios não, assume-se que esse foi o elemento diferenciador (a coca-cola) do tratamento dos refugiados desses países.

Acontece que há diferenças grandes entre os refugiados sírios e os ucranianos e não têm que ver com a cor da pele. Em primeiro lugar, os ucranianos que fogem da guerra são quase todos mulheres e crianças.

Não há, entre os ucranianos, uma percentagem de bombistas radicais que entram misturados para criar células de terroristas contra os europeus, homens que enchem as mesquitas de ódio e incitamento à violência contra os europeus. Os refugiados sírios -mas também afegãos e de outros países do Médio Oriente- são muçulmanos enquanto os ucranianos são cristãos. Esta é uma grande diferença, porque os muçulmanos trazem consigo um modelo cultural quase medieval que choca com o europeu: não valorizam sociedades laicas e por isso, não reconhecem a autoridade política como sendo superior à religiosa, logo, não respeitam os princípios organizadores das sociedades democráticas, da mesma maneira que não reconhecem as mulheres como cidadãs de pleno direito e como seres humanos dignos de respeito; não são capazes de revisão racional em questões sócio-culturais e por isso, também, proíbem ou restringem o contacto dos filhos, sobretudo as raparigas, com os europeus, por medo de revisão racional e afastamento da sua mundivisão. São culturas que não valorizam o conhecimento e a educação, não religiosa, dois grandes valores que definem os europeus.

Perturbam imenso as escolas com exigências de abandono do princípio do laicismo e de respeito pelos dogmas do islão: ora as raparigas têm que sentar-se atrás para não perturbar a educação dos rapazes, ora as professoras não podem vir de saias, ora não podem ralhar com os rapazes por serem mulheres ou exigem que as raparigas sejam separadas dos rapazes nas aulas de educação física ou da natação, ora querem proibir que os professores critiquem a religião do Profeta e os seus líderes religiosos... há um ano um aluno decapitou um professor, em França, por os pais acharem que o professor tinha criticado o islão. Em França, os professores têm medo dos alunos muçulmanos. Nós, europeus, valorizamos a discussão e a crítica, os muçulmanos valorizam a obediência e ainda praticam a justiça de Talião. 

São pessoas que têm dificuldade em integrar-se na cultura ocidental e criam imensos problemas sociais e culturais como temos visto que o fazem, na Alemanha, na França, na Suíça, etc., sobretudo quando as comunidades são muito grandes, como em Marselha, por exemplo. Por conseguinte, se calhar não é a cor da pele o elemento diferenciador, mas outras considerações sociais e culturais. 

Aqui na Europa levámos séculos a estabelecer sociedades laicas, democráticas, com valores de respeito universal pela dignidade humana e de direitos sociais. É um trabalho que custou muitas vidas humanas e que ainda não está acabado. Os refugiados muçulmanos, os homens, sobretudo, ao contrário dos ucranianos, são estressores culturais porque trazem consigo um modelo quase medieval de sociedade e cultura: teocrático, teocêntrico, violento na justiça, desigual nas oportunidades, sem respeito pela dignidade humana - não por causa de um líder despótico que, de vez em quando, sobe ao poder, mas pela própria estrutura organizacional teocrática e ditatorial das suas sociedades. Daí a resistência em receber refugiados sírios e de outros países muçulmanos. Não quero dizer com isto que não há racismo na Europa, que o há, mas a Europa não se reduz a racismo, não é o que a define. Temos muitos valores positivos de hospitalismo. Há muita auto-crítica, há vontade de melhorar, há uma constante revisão racional, valores que os refugiados ucranianos também partilham e respeitam e os muçulmanos em geral não, sejam sírios, afegãos, sauditas ou de outro país qualquer. 

também publicado no blog delito de opinião


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