Agora observe o mar quando quebra na praia. Cada onda toma volume, precipita-se e desaparece na areia. Podemos separar regularmente cada onda daquelas que a precederam e daquelas que a seguirão e ainda cada onda individual é parte do contínuo do mar.
Assim é, em nossa experiência do dia-a-dia, a relação entre a continuidade e a ideia do discreto: às vezes a experiência da continuidade subjaz à do discreto e às vezes o discreto leva ao contínuo. A sua relação é uma relação entre parceiros iguais.
— Da Costa, Newton, C. A. & Dória, F. A., Continuous & Discrete (citado por Brolezzi)
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discreto (adj.)
"separado, distinto dos outros", do final do séc. XIV, do francês antigo «discret», «discre» e directamente do latim discretus "separado" - particípio passado do verbo discernere (discernir) que significa, «discriminar», «separar», «distinguir», «ver claro». Discernere vem de cernere, que significa, «passar pelo crivo», «joeirar», «decidir». Da mesma fonte derivam as palavras, «segredo», «secreto», «discrição.» Desse sentido de ser separado, distinto, vem o uso de discreto, de quem sabe guardar um segredo, é prudente, modesto, não se faz sentir com intensidade, é pequeno.
contínuo (adj.)
Já contínuo vem de con-tenere (ter junto, manter unido, segurar). Contínuo é o que está imediatamente unido a outra coisa. Da mesma origem vêm: conter, conteúdo, continente, contente (o que cabe em si e não cobiça alargar-se). Contínuo é também o funcionário que presta assistência contínua ao chefe.
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(António Carlos Brolezzi - A Tensão entre o Discreto e o Contínuo na História da Matemática... [tese de doutoramento])
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