September 30, 2021

Costa, um vírus oportunista

 


Outro dia, um médico comentou, a propósito de eu dizer-lhe de uma coisa que me tinha acontecido e que outro médico me disse ser um vírus, 'Ah, é um vírus oportunista. Deu com um sistema imunitário mais enfraquecido e aproveitou-se.' É assim Costa neste caso do vice-almirante Gouveia e Melo. Dada a popularidade do senhor, atropela tudo e todos para se colar, oportunisticamente, à sua imagem.


O Atropelamento

Domingos de Andrade

O pedido de exoneração do chefe do Estado-Maior da Armada e a consequente libertação do nome do vice-almirante Gouveia e Melo, no momento em que ele sai da "task force" da vacinação por dever cumprido, é mais do que um "atropelamento", nas palavras de Marcelo, às Forças Armadas e às pessoas envolvidas. É, isso sim, a prova de que está em causa o regular funcionamento das instituições.

Podia o primeiro-ministro desconhecer o processo, o que só revelaria a necessidade urgente de avançar com uma remodelação que desse ao Governo a frescura necessária para os difíceis anos que se aproximam. Não há nada pior do que assistir a ministros em roda livre, cuja estratégia parece mais pessoal do que de Estado.

Se sabia, foi, no mínimo, imprudente, sobretudo num momento em que tanto necessita de transmitir a perceção de que o passado dia 26 não significou o início do declínio. António Costa precisa mais do presidente da República do que o contrário.

Já o caso em si revela contornos de uma arrogância e de uma falta de respeito inadmissíveis, com oportunismo e amadorismo à mistura. Os tais três equívocos de que Marcelo Rebelo de Sousa fala.

Telegráfico. Mendes Calado tinha sido reconduzido em março e teria admitido sair antes para dar o lugar a outros camaradas que pudessem exercer cargos. Como terá recusado sair neste momento, foi chamado para tomar conhecimento do pedido de exoneração. Seguiu-se, por parte do Governo, a estratégica fuga de informação do vice-almirante como sucessor, justamente quando tinha acabado de sair do processo de vacinação. Um nome forte e com popularidade agora adquirida, para esbater a pressa e o atropelo.

O que fica a parecer é que um sai porque foi incómodo para com o ministro nas críticas que fez às alterações à lei orgânica do CEMGFA. O outro entra porque queria muito. O ministro fez de mestre de obras. E o chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas faz o que lhe mandam. Como se não houvesse um comandante supremo que tem, de facto, o poder de decisão. E que, se sabia, pelos vistos não sabia dos tempos da decisão. A certeza é de que há uma manifesta incapacidade para lidar com assuntos de Estado.

Diretor-Geral Editorial

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