July 09, 2021

Quando o legislador não tem bom senso o povo é que paga

 


Nos EUA, no rescaldo dos crimes racistas recentes e do movimento, BLM, está a haver uma guerra sobre como ensinar nas escolas a história racista dos EUA. Alguns extremistas não querem que se fale, sequer, nos assuntos. A maioria quer que o assunto seja abordado mas não se põem de acordo sobre a maneira de o fazer.

Há um movimento que advoga o ensino da Teoria Crítica da Raça (TCR). Esta teoria que vem dos anos 60 do século passado é baseada na Teoria Crítica da escola de Frankfurt de Horkheimer, Marcuse e outros, de inspiração marxista (dos anos 30 do século XX) que defendem que a estrutura social é mais forte que o indivíduo, portanto, os problemas sociais são influenciados pela cultura e pelas estruturas de poder mais do que por factores individuais das pessoas individuais. 

TCR transfere essa ideia para o racismo americano e defende que as leis que 'garantem' a igualdade de direitos por si só não chegam, já que as estruturas de poder efectivo perpetuam o racismo nas suas práticas e na sua cultura. Os críticos da TCR dizem que ensinar que os direitos garantidos na lei não têm relevância é muito perigoso, digamos assim, de maneira simplista.

Alguns legisladores conservadores que pensam mais em si que nos alunos (isto é universal...), para impedir que a TCR seja ensinada, sem que sejam acusados de racistas, entenderam legislar da seguinte maneira: 

Mas o que é menos conhecido é que em vez de proibir o uso da teoria racial crítica pelos professores na sala de aula, as leis propostas na maioria dos estados proíbem qualquer pessoa de fazer um aluno na escola sentir "desconforto, culpa, angústia ou qualquer outra forma de angústia psicológica por causa da sua raça ou sexo".

- ou seja, porque ensinar aos alunos que os avós dos avós, os avós e os pais foram racistas ao ponto do crime indiscriminado ou da cumplicidade com esse crime (porque estava embutido na cultura das estruturas do país) pode pôr os alunos brancos desconfortáveis, legislaram de uma maneira que impede que se fale seja do que for. Até das notícias do dia.

Este não é um problema simples de resolver. Já foi um problema na Alemanha do pós-guerra. É um problema porque implica interiorizar a ideia de que o racismo não foi um erro de uns quantos fanáticos mas uma prática embutida na própria cultura americana, aceite e apoiada pela esmagadora maioria. 


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