July 17, 2021

Isto aconteceu ontem à noite em Reguengos de Monsaraz, mas é um pequeno paradigma do país que temos

 


Ontem à noite em Reguengos de Monsaraz, desacatos e um atropelamento em frente a dois guardas que não fazem nada. Os reforços dos ciganos (no vídeo amador são assim identificados) chegaram mais depressa que os reforços da polícia. Uma pessoa percebe: dois guardas contra dois carros cheios de homens violentos, mas mesmo assim não se percebe porque a função da polícia, é proteger os cidadãos de indivíduos ameaçadores e perigosos. A polícia está armada, não está indefesa. Indefesos estão todos os outros, inclusive o homem atropelado. Mas o ministro das polícias, aquele Cabrita, é um incompetente irresponsável e na polícia deve ser mais ou menos, calculo,  'cada um por si.

Ontem, Mamadou Ba dizia que 'o Estado é o garante do monopólio da violência através da policia'. Está tudo errado nesta frase: primeiro a ideia de que a violência é um bem e o problema é alguns terem o seu monopólio -neste caso a polícia- e, segundo, a ideia de que, se a polícia é violenta nós também podemos ser. É esta a mentalidade que Mamadou Ba partilha com os polícias violentos.

Como se viu nos EUA, a melhor arma contra a violência policial são os telemóveis e não as armas, ou seja, a denúncia consistente. Só que isso é mais difícil porque é preciso dar a cara, muitas vezes sozinho.

Estou em crer que, se estes dois polícias do vídeo tivessem decidido tomar uma atitude, teriam usado excesso de força, pois é o que acontece quando numa situação de violência lutamos em franca minoria: é com todas as reservas de força de que somos capazes. Em situações onde a polícia se sente desacompanhada, desfalcada de elementos e sem apoio dos (i)responsáveis que mandam, a não ser palavras inconsequentes, acabam por se tornar, ou apáticos ou excessivos na sua acção, porque é difícl manter o equilíbrio em situações de tensão sem apoios.

Isto não é uma desculpa, nem para a inacção da polícia que aqui se vê, nem para o excesso de força, mas uma chamada de atenção para a necessidade de resolver os problemas em vez de vir exigir uma parte do monopólio de violência. O que queremos não é redistribuir a violência por todos como se fosse um direito, mas reduzi-la ao mínimo possível.

Outra pergunta que podemos fazer é: se o próprio ministro das polícias anda por aí a 200 km /h e não se responsabiliza pela consequência das suas acções, porque é que dois polícias sozinhos o hão-de fazer?




via Motoristas do Asfalto no FB


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