... e há mais de dois meses que vai para lá uma celeuma acerca de quem foi Napoleão e o que se deve comemorar, ao certo. Napoleão sempre foi polémico, não é de agora. Chateaubriand, que o conheceu e lhe devia favores, escreveu, após a sua morte que ele interrompeu a revolução, desfalcou a juventude francesa com guerras para sua glória, que foi a sua agressão que levou à reunificação alemã, etc.
Tenho uma história de Napoleão de A. Hugo, em dois volumes, publicada em 1836, portanto, muito pouco tempo após a sua morte (a edição que tenho é uma tradução portuguesa editada em 1843 cheias de manchas de humidade e com a primeira página cortada, mas o miolo intacto). Apesar de ser uma edição um bocadinho apologética, tem a virtude de trazer os documentos e os discursos dele, inclusive o testamento, citados com rigor. O livro dá uma visão muito clara da cronologia dos acontecimentos e do crescer e evoluir de Napoleão.
Já li outros livros acerca dele e as memórias do Las Casas. Já li a pequena história de Napoleão, as suas relações com os amigos, as mulheres e isso, o que dá uma imagem do homem por detrás do imperador. Tenho as memórias dum capitão da campanha na Rússia que é impressionante de ler. Napoleão não começou por ser um autoritário, pelo contrário. Ele fez-se. A história dele não interessa só à França porque ele moveu as peças todas da Europa e mudou o rumo à História com letra grande e é isso que uns e outros não lhe perdoam. O homem é uma figura fascinante, exactamente por isso e vermo-lo crescer e vir lá da Córsega de atrás do sol posto e progredir até mandar na Europa e distribuir a família pelos tronos europeus é fascinante. A vida dele são 100 vidas de outro qualquer. É possível apreciarmos isso e, ao mesmo tempo, notarmos a pegada negativa que ele deixou.
No comments:
Post a Comment