May 22, 2021

Este jornalista pôs o dedo na ferida

 


O efeito imediato é o de meter medo. A mim aconteceu-me há, pelo menos, meia dúzia de anos, escrever um post sobre os desvios dos dinheiros que durante muitos e muitos anos vinham para Portugal a fundo perdido e dar como exemplo uma pessoa, muito conhecida, da qual eu sabia, mas indirectamente. Isto foi ainda quando o blog estava no Sapo. O indivíduo em questão leu o post e deixou-me um mail, mais ou menos nestes termos, 'grandessíssima filha da puta, se não apagas isso prego contigo no tribunal até não teres nada.' É claro que eu acreditei que ele o faria e sabendo que não tinha, nem os fundos, nem os conhecimentos para uma empresa dessas (para além de que sou sozinha no blog e não tenho tribo protectora) apaguei o post. Mas a reacção dele foi elucidativa. 

Já uma outra vez, no tempo da Rodrigues, de quem eu era muito crítica, o meu blog desapareceu misteriosamente e foi difícil recuperá-lo. Muito mais recentemente houve quem lhe quisesse dar o sumiço por coisas que aqui disse e que eram verdadeiras. Não lhe deram sumiço (há quem ainda acredite na liberdade de expressão - sim, sei disso e aprecio devidamente, embora não deixe de fazer crítica quando entendo que é preciso) mas sofri (ainda estou a sofrer) vingança.

Portanto, sim, como diz este jornalista, o efeito imediato é o de meter medo. A seguir vem a censura, sem apelo nem agravo. Basta um governante um tudo-nada mais 'húbrico' e com poder para tal. Há por aí blogs muito apetecíveis e candidatos, calculo.


(húbris, na antiguidade significava o excesso de arrogância que pensa tudo poder e só se satisfaz com a humilhação da vítima, da qual retira prazer)




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