Este título, 'Crime Hediondo', refere-se ao assassinato a sangue frio, aparentemente, sem nenhuma provocação, do ucraniano Ihor Homenyuk enquanto estava à guarda de agentes do SEF no aeroporto de Lisboa e posterior encobrimento do crime por parte de toda a hierarquia. O crime é hediondo porque parece ter sido gratuito, apenas por arrogância e crueldade de pessoas estúpidas e é assustador naquilo que deixa entrever sobre o sistema policial e a respectiva hierarquia do país.
Aquela frase, 'quem não deve não teme', não se aplica ao nosso país. No nosso país, quem tem dinheiro e deve, não teme, quem não tem dinheiro/poder, tem que temer, mesmo que não deva: temer a polícia e temer os dirigentes. Dá-me ideia que, se o crime não tivesse sido praticado com tanto sadismo, arrogância e crueldade, nunca teríamos sabido dele. Aliás a bravata com que foi cometido: os assassinos nem sequer se importaram de haver muitos testemunhas, diz-nos que estavam a contar com o silêncio cúmplice de todos. A questão é: porquê? Quanto vezes já contaram com o silêncio cúmplice para terem perdido a cautela e assumirem que era garantido? E, quantos assassinatos já passaram debaixo do radar?
Isto assusta: que sejamos um país onde todos saibam, onde todos saibam que todos sabem e todos se calem. Que é que isso diz da nossa democracia e de nós?
Ontem li um artigo de um indivíduo em que dizia ser preciso voltar a acreditar em portugueses heróis e ter orgulho no que somos. O 'orgulho no que somos', como diz este senhor, constrói-se sobre factos e não sobre ilusões e neste momento os factos não ajudam a acreditar.
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