October 06, 2020

Aqui em Portugal não compreendemos certas movimentações na Europa

 


... mas é preciso lá estar no quotidiano para perceber até que ponto a mudança cultural se está a disseminar e como isso assusta. 

Esta cena é em França, num programa de TV familiar. Comenta-se o desfile de moda íntima que Rihana acaba de lançar. Uma das músicas do desfile é a música "Doom" do artista Coucou Chloé, um remix de um hadith (texto religioso muçulmano). O equivalente a alguém fazer um remix com as palavras do pai-nosso cristão. O entrevistador pergunta ao homem mais à direita a sua opinião. Podemos vê-lo furioso a dizer que é um enorme insulto aos muçulmanos e que é indigno da parte dela. A seguir pergunta à mulher a seu lado e ela, nas calmas e sem que ninguém a conteste ou, sequer, se surpreenda diz, 'eu tenho vontade de matá-la'. Matar... por passar uma música onde alguém canta um texto religioso com uma batida moderna.

Nós aqui não temos isto. Estes milhões de muçulmanos que eles têm, que no sul da França já impõem normas nas escolas quanto ao ensino das mulheres porque são a maioria e estão em maioria nos conselhos de escolas, nem estes fundamentalismos de querer matar toda a gente que é blasfema. 
Num Estado laico a blasfémia não existe. Isso é uma questão privada. De modo que uma pessoa percebe a reacção de aversão dos europeus não muçulmanos em países onde eles são aos milhões ao ver regressar e começar a espalhar-se um tipo de cultura não-racional, violenta e autoritária de cariz religioso. Não foram tomados os devidos cuidados e agora estamos nisto.

Macron fez passar uma lei esta semana em que torna obrigatório o ensino dos valores republicanos franceses e mesmo os pais que escolham pôr os filhos em estabelecimentos privados são obrigados a mandar os filhos a essas sessões/aulas, sendo que têm brigadas de inspectores para irem ver se estão a ser cumpridas. Uma espécie de aulas de cidadania mas sobre cidadania, mesmo: a república, os direitos dos cidadãos, os princípios do laicismo do Estado, a liberdade religiosa, política, a igualdade, fraternidade, etc.

Isto mostra como já se passou de um vago receio a uma sensação de ameaça à cultura e valores europeus fundados na liberdade de opinião, de expressão, de religião, etc.


Os vários comentários no twitter são do género deste - dogmático, fundamentalista e infantil.




Entretanto: 

O guia supremo dos Irmãos Muçulmanos, Ibrahim Mounir, publicou um comunicado virulento sob a forma de carta dirigida ao presidente Macron e ao povo francês.

Desafia a visão republicana expressa por Macron e reafirma a doutrina sectária da Confraria concernente à « supremacia das leis de Alá sobre as dos Homens».

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