Em Braga, a Irmandade cobrava 40 mil euros aos idosos e suas famílias por um lugar no lar. Em Famalicão, 11 idosos viviam em "perigo iminente". Na Maia, 50 utentes viviam sem aquecimento nem higiene. A falta de higiene repetia-se em Salvaterra de Magos, somando-se as denúncias de maus-tratos. De novo os maus-tratos em Belmonte e Évora, com gente mal alimentada, em espaços insalubres, sem eletricidade e com um idoso a dormir num sofá. Em Tomar, dez viviam numa garagem. Em Portimão, 22 sobreviviam em deploráveis condições: no dia em que alguém decidiu fazer alguma coisa só havia sopa e dois hambúrgueres para os alimentar. Em Valpaços, divulgaram-se vídeos desumanos e sete funcionários foram suspensos por suspeita de maus- -tratos. Em Gaia, a proprietária de um lar foi presa e acusada de maus-tratos e desobediência (fechavam-lhe um lar, abria outro, com a impunidade habitual). Um dos idosos estava desnutrido e desidratado. Ouvem-se responsáveis políticos a dizer por estes dias que não se pode desvalorizar o caso de Reguengos de Monsaraz. Outros pedem a presença da ministra no Parlamento e a divulgação de todos os relatórios já produzidos. Não é rigorosa a afirmação do primeiro-ministro de que estamos apenas perante "polémicas artificiais". Mas apetece perguntar por onde têm andado os diferentes líderes políticos e governantes. Certamente que não foram a nenhum dos lares (uns ilegais, outros legais, uns privados, outros geridos por IPSS) que se enumera acima e que foram notícia, em escassos meses, aqui no JN. Todos sabem que a maioria dos lares são depósitos de idosos à espera da morte. E que muitos são apenas um negócio lucrativo (também para as IPSS). E que há milhares de lares ilegais. Mas não há comissões de inquérito nem pedidos de demissão de ministros a propósito de nada disso. A tática é fazer aos idosos no fim da linha o mesmo que ao lixo: varre-se para debaixo do tapete. E, de vez em quando, para limpar a consciência, uns rasgam as vestes, outros anunciam milhões.
No comments:
Post a Comment