January 27, 2020
Finalmente vou acabar a LPC
Estou um bocado farta de inventar exercícios de Lógica (cada turma leva 2 versões, são 3 turmas...) e isso não é o mais importante na Filosofia. Só me consolo em pensar que fico com uma base de dados grande para depois editar em outros anos. Amanhã e quarta vou dar teste às turmas e depois mudo de tema.
Há bocado, à conversa com o meu filho, cheguei à conclusão que, ao contrário de muitas pessoas que conheço (a maioria) que ao entrarem na reforma ficam meio perdidas sem saber o que fazer, eu entrava na reforma na boa. Enfim, se não me dessem uma reforma miserável... o que quero dizer é que, apesar de gostar do meu trabalho, de trabalhar com adolescentes alunos e por vezes me entusiasmar muito com uma turma ou com um projecto e isso, se amanhã me reformasse ficava bem. Tenho uma pilha de livros para ler, muitos coisas para escrever, algumas começadas, muita arte para ver, música para explorar, amigos com quem conversar, gosto de cozinhar e nos últimos anos deixei um bocado isso, gosto de viajar, gosto de caminhar e se um dia tivesse um neto/a gostaria dessa relação. Acho que tenho um pendor para a pedagogia...
Já fiz na minha profissão tudo o que havia a fazer (excepto estar na Direcção que é coisa que não me cativa) e tudo o que tinha a provar já provei e tenho resultados que o mostram. Agora só trabalho para ajudar alunos a desenvolver o seu potencial (isso é o que mais gosto na profissão e sei que o faço bem, quer dizer, muitos alunos que estão bloqueados e nem o sabem e eu sei como desbloqueá-los - é um desafio), dentro do que me deixam. Se deixo coisas inacabadas, como no ano que fiquei doente e fui de baixa o 3º período sabendo que os alunos ficavam sem professor, isso incomoda-me, caso contrário, findo o ano arrumo o assunto e faço outras coisas.
Nos anos que estive em Bruxelas não me lembro de uma única vez ter acordado com saudades da escola. Estava tão ocupada a explorar, a ler, a estudar, a conhecer países, a visitar museus e ainda por cima fiz lá uma amiga, de modo que nunca tive saudades da rotina do trabalho. De algumas pessoas, colegas, sim.
Acho que é por isso que muita gente fica perdida. Porque lhe faltam interesses. Mas isso tenho de sobra, felizmente. Quando vim morar para Setúbal achei a cidade tão culturalmente pobre que resolvi fazer da minha casa uma ilha cultural (senão tinha voltado para Lisboa porque me é difícil viver sem esses bens) e, logo depois quando tive um filho, ainda o fiz mais conscientemente, quer dizer não deixar que o sítio onde ia crescer condicionasse os seus horizontes. Herdei isso da minha mãe que era uma pessoa especial. Enchi a casa de livros e de música e de arte e de jogos - no que era por vezes estranhada, dado o dinheiro que gastava nestas coisas, mas parecia-me, e parece-me ainda que, se vimos ao mundo e não sabemos nem fruímos das suas possibilidades, não vivemos, verdadeiramente. Além disso, quando o mundo exterior fica difícil, o mundo interior salva-nos.
E sei desde muito nova que educamos pelo exemplo, não pelos sermões.
Acaba de cair-me no email o resultado das análises ao sangue de hoje de manhã. Vou ver. Ciao.
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