December 17, 2019
Porque é que o ME não assume de vez a passagem obrigatória de todos os alunos até ao 12º ano em vez de apoiar uma guerrilha contra os professores?
Esta profissão está a ficar impossível. Ouvimos e nem acreditamos. Hoje em dia, depois do ME ter incentivado à queixa contra os professores (disseram-me que há uma plataforma onde alunos e pais podem ir para lá caluniar professores de qualquer maneira que são bem vindos pelo ME ou inspecção...), todos os dias são dias de alunos e pais irem fazer queixa de professores, seja à direcção, seja a essa via verdade que o ME criou para incentivar ao conflito dos pais com os professores. Aliás, já nem é conflito, é uma guerrilha.
Os alunos queixam-se de tudo e os pais dão crédito a tudo: ou não gostam do professor, ou o filho/a é um génio e o professor não dá as notas adequadas, ou o filho/a faltou às aulas e o professor não parou as aulas para lhe explicar a matéria em falta, ou chamaram nomes ao professor mas não percebem porque é que têm má nota no comportamento, ou não vão às aulas durante dois meses ou mais mas não percebem ficarem excluídos por faltas, ou o professor olhou para eles de uma maneira estranha que não gostaram, ou o professor fez um teste com versão 1 e 2 e eles são contra e querem que se proíba o professor de voltar a fazer testes com versões, ou o professor não sabe corrigir os testes como eles gostam, ou a professora vai de saias e devia ir de calças, ou o contrário, ou pura e simplesmente não vão com a cara do professor.
O que se passa neste momento nas escolas como consequência do desprezo e maltrato com que o ME tem tratado os professores não tem paralelo na nossa história.
Uma grande maioria de alunos vêm do básico passados com 6 ou 7 negativas e sem nunca ter trabalhado um dia que fosse na vida deles.
[Perderam-se algures entre o 4º e o 5º ano ou entre o 6º e o 7º, não sei. Acho que ninguém sabe porque o ME não lhe interessa saber causas e agir nas causas. Interessa-lhe ter bodes expiatórios e aparecer como salvador.]
Enfim, os professores, para compensarem os outros alunos por terem passado esses alunos de 2, sobem os de 3 para 4 e os de 4 para 5 e chegam todos ao secundário a pensar que são muito bons ou excepcionais. Depois, nem eles nem os pais aceitam terem que trabalhar para terem notas boas ou sequer terem que ter um comportamento de respeito para com os professores. Nada. Zero. Vêem-se como cheios de direitos e nenhum dever.
É claro que depois não é possível haver um bom ambiente de trabalho e de respeito e confiança nas turmas e aquele gosto e prazer de trabalhar com os alunos desaparece completamente e dá lugar à desconfiança permanente e ao cuidado excessivo em defender-se de possíveis agressões. Isto é a morte do ensino. Mas essas luminárias que estão no ME não percebem isto?
Foi isto que a tutela, desde a Rodrigues e agora com este ministro e secretário de Estado, que ultrapassam os limites de tudo o que é razoável no incentivo ao conflito dos pais com os professores, arranjaram. Estão a destruir uma profissão extraordinária apenas para ganhos economicistas.
Se é para pressionarem os professores a passar todos os alunos, então assumam e legislem que é proibido reprovar alunos. Agora, manter este esquema de fazer guerrilha aos professores como modo de os pressionar a passar toda a gente sem terem que assumir que querem poupar dinheiro com a educação, é imoral.
Hoje em dia as direcções das escolas são uma agência de queixas: logo na 1ª semana de aulas os alunos fazem fila para se queixarem de tudo nos professores. Não gostaram de uma palavra que o professor disse; o professor é um arrogante porque os mandou calar; o professor mandou-os mudar de lugar e eles não aceitam, o professor mandou um trabalho para casa que não conseguem fazer, logo não sabe dar aulas... isto atingiu um ponto insano de não retorno. Depois os alunos ligam aos pais como se fossem grandes vítimas. Os pais aparecem na escola para 'resolver' a situação dos filhos que na cabeça deles estão a ser vítimas de cabalas para os prejudicarem: ameaçam, gritam, alguns batem, como sabemos.
O ME e o governo, este e outros anteriores, são os culpados desta situação. As pessoas que puseram isto neste estado de total desrespeito pelos professores e incentivo ao conflito e à guerrilha são as pessoas que estiveram a estão no ME e no governo e são desprezíveis. E este é o termo mais suave que consigo usar para os designar. Pessoas ignorantes e imorais.
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Quando o PS está no Governo é sempre um caos na educação. Não há volta a dar!
ReplyDeleteO Crato também fez grandes asneiras e também culpava os professores de tudo.
ReplyDeleteHoje, num CT, a professora da Educação Especial sugeriu que devíamos adaptar todos os testes de todos os alunos independentemente de terem dificuldades cognitivas....ou seja, os testes deveriam ser um suponhamos para todos!
ReplyDeleteque disparate... bem, o ME já fez isso com os exames. Primeiro tinham uma hora e meia, depois duas, agora já vai em duas e meia. Qualquer dia acaba com eles.
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