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December 04, 2024

Telemóveis nas aulas

 


Paulo Cardoso, do Conselho Executivo da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), relembrou que, nas escolas que abrangem o 2.º e 3.º ciclos, as recomendações do Governo levam a que existam alunos a conviver no mesmo espaço com regras de utilização de smartphones diferentes. O representante dos pais reconhece que a sensibilização dos alunos deve ser feita através das famílias e das escolas, salientando a necessidade de alertar os pais para o facto de que a não utilização do telemóvel é "uma situação benéfica para saúde mental dos alunos”. Defendeu ainda que, caso seja proibida a utilização de telemóvel aos alunos, esta deve ser estendida a professores e assistentes operacionais.

existam alunos a conviver no mesmo espaço com regras de utilização de smartphones diferentes. É verdade. Há professores que não querem proibir os telemóveis nas aulas mas estão sempre a queixar-se de terem apanhado os alunos no telemóvel -a ver futebol, nas redes sociais, a ver pornografia, a copiar, etc.- e a terem que chatear-se com isso. Outros fingem que não vêem para não se chatearem. Depois, os professores que fazem cumprir o regulamento e não deixam os alunos estar com os telemóveis, têm problemas porque os alunos acham que se podem com um professor têm de poder com os outros. 

caso seja proibida a utilização de telemóvel aos alunos, esta deve ser estendida a professores e assistentes operacionais? Dentro das aulas sim, claro, mas fora das aulas não. Os professores e os funcionários são adultos, não são crianças e têm obrigações e problemas de adultos a resolver. Por exemplo, esta semana, por várias vezes tive de ligar ou ligaram-me do hospital por causa da cirurgia e fi-lo nos intervalos das aulas. Se não pudesse usar o telemóvel na escola nos intervalos tinha faltado às aulas porque não ia pôr em causa a minha saúde.

Adicionalmente, o representante dos directores das escolas públicas salientou a importância do papel dos pais na diminuição da utilização de telemóveis por parte dos alunos, alertando para a "diabolização" da escola na discussão sobre o tema. Filinto Lima acusa os pais de, por vezes, utilizarem os telemóveis como um instrumento para "controlar" os filhos, acrescentando que o uso excessivo do telemóvel e de outros meios tecnológicos por parte dos mais jovens é "um problema da sociedade" e não só da escola.

Directores prezam autonomia, professores defendem proibição de telemóveis a alunos mais novos
Também a representante dos professores reconhece a existência do mesmo comportamento por parte dos encarregados de educação, constatando que, ao tentar apostar na sensibilização, os professores encontram "resistência por parte das famílias e, por consequência, resistência por parte dos alunos" relativamente à não utilização dos telemóveis em ambiente escolar, explica Paula Carqueja, acrescentando que, por vezes, as próprias tentativas de contacto por parte dos encarregados de educação são um factor de perturbação.

Ainda há pouco tempo, um dia em que precisei que os alunos usassem o telemóvel para fazer uma tarefa (geralmente o telemóvel está em silêncio no fundo da mochila) a mãe de um aluno ligou-lhe. Não deixei que atendesse, o que ele não gostou e irritei-me e disse-lhe para avisar a mãe para não voltar a  telefonar-lhe durante as hora das aulas. Só deixo os aluno terem os telemóveis no bolso se esperarem uma chamada urgente - que têm de dizer-me o que é, porque para muitos pais é urgente ligar a saber se os filhos querem frango para o almoço.
A ideia de que os pais vão perceber os perigos do telemóvel e impedir os filhos de se 'drogarem' e alienarem com as redes sociais, os videojogos e a pornografia e ficar viciados desde quase que nascem é uma utopia e só acredita nela quem não trabalha nas escolas.



May 06, 2024

Na questão dos telemóveis é preciso calcular os custos e os benefícios

 

A questão não se resume, penso, a discutir quem é liberal e não concorda com proibições e quem não é liberal e quer proibições. O assunto é mais complexo que isso. Não estamos a falar do direito de expressão ou de reivindicação. Estamos a falar de um instrumento que causa vício, problemas de saúde mental e potencia comportamentos agressivos. Não é diferente, em termos de vício, do tabaco ou, em termos de comportamentos agressivos, das drogas. Não é correcto dizer que tudo o que a Constituição não proíbe é permitido, como li num texto de um colega. A lei não cobre toda a realidade normativa e, na melhor das hipóteses, o que podemos esperar é que a legislação acompanhe a realidade e se vá ajustando a ela. 

Até há uns anos, a lei não proibia que se fumasse em lado algum; no entanto, apesar disso, aos poucos, as instituições começaram a proibir o fumo nas suas instalações. Só muito mais tarde a legislação acompanhou essas medidas. Ser liberal não teve nada que ver com proibir que se fumasse, o que foi uma decisão que se foi alargando, à medida que se foi conhecendo os grandes malefícios do tabaco e se compreendeu que os custos em termos de saúde eram muito superiores aos hipotéticos benefícios.

Na questão dos telemóveis é preciso calcular os custos e os benefícios para a saúde e a educação dos alunos. Sabemos hoje que a exposição a ecrãs digitais desde cedo tem implicações negativas na saúde física das crianças e que a permissividade de navegar na internet sem restrições, bem como as redes sociais, construídas justamente para viciar os adolescentes, têm implicações graves na saúde mental, nas relações sociais, na aprendizagem e no desenvolvimento dos adolescentes. Não podemos fingir que isso não existe e dizer que proibir é mau. 

É certo que dentro de casa de cada um, o mais que se pode fazer é tentar informar e consciencializar os pais, como se fez com as campanhas contra o tabaco - que, aliás, resultaram porque passámos de praticamente toda a gente fumar, para quase ninguém fumar entre os adolescentes e os jovens. Foi o que fiz hoje, na reunião. Informei os pais dos perigos do uso dos telemóveis, dei exemplos, falei de estatísticas. Outros pais também falaram e conversou-se sobre os custos e os benefícios.

Nas escolas, é perfeitamente possível, restringir o uso dos telemóveis, se entendermos que os custos negativos do seu uso são francamente superiores aos benefícios. Penso que até uma certa idade, os telemóveis deviam ser proibidos nas escolas e, a partir de certas idades, devia ser regulado e ter restrições.


September 27, 2023

"Une Génération d'Abrutis"

 


A force de ne jamais réfléchir, on a un bonheur stupide. Jean Cocteau 

Ontem li um artigo de uma comentadora num jornal que dizia que as pessoas que falam contra a dependência dos jovens das redes sociais, o uso desmedido de telemóveis e do ChatGPT são velhos do Restelo porque os dados mostram que os jovens compraram mais livros por causa de haver no TikTok pessoas que os recomendam ler e porque os jovens lêem mais em inglês, sem perceber que ler por causa do TikTok é uma moda parecida à da febre da leitura do Harry Potter. Os que tinham essa febre e até iam dormir à porta das livrarias para serem os primeiros a comprar o novo livro, desde que acabou a saga nunca mais leram um livro. Se o seu actor preferido os mandasse atirar de uma janela também o faziam. O que aliás acontece mesmo nas redes sociais: suicídios de moda. E quanto a lerem mais em inglês, não são livros, mas as frases e instruções dos videojogos, dos vídeos do TikTok e do YouTube. A internet que eles vêem está toda em inglês. 


September 22, 2023

Ouvido agora mesmo

 


Na BBC. Uma entrevista com um médico cirurgião oftalmologista a explicar que as cirurgias oftalmológicas a laser são muito boas e seguras para crianças e evitam os óculos. Está a haver um aumento exponencial de casos de crianças e adolescentes com problemas de visão que as obriga a usar óculos cada vez mais cedo. E porquê? Telemóveis. Por um lado, excesso de exposição à luz dos telemóveis (e outros dispositivos digitais); por outro, a falta de actividades ao ar livre não deixa a visão ao longe desenvolver-se e afinar-se.


May 05, 2023

Os smartphones estão a matar as raparigas?

 


As taxas de suicídio das raparigas estão a aumentar. Será a culpa dos smartphones?

As taxas de hospitalização por auto-mutilação aumentaram 140% desde 2010.

Em 2017, Jean Twenge, professora universitária, escreveu um ensaio intitulado "Terão os smartphones destruído uma geração?". A sua resposta, "sim", foi provocadora na altura. Agora, é um refrão comum.