Aqui nesta praia onde Não há nehum vestígio de impureza Aqui onde há somente Ondas tombando ininterruptamente Puro espaço e lúcida unidade Aqui o tempo apaixonadamente Encontra a própria liberdade
Aqui a bruma a noite o sete-estrelo O sussurrar de brisas e de fonte Aqui o tempo anterior puro horizonte O ser um com a luz a flor o monte A terra se desvenda verso a verso Seu rosto é de pinhais sombras e mágoas Aqui o puro emergir: luas e águas E o antigo tempo irmão do universo
- Sophia de Mello Breyner Andresen, in ‘Ilhas’ (1989)
Sophia fotografada por Fernando Lemos, no jardim da casa da Travessa das Mónicas, anos 50 (Biblioteca Nacional de Portugal) #CamõesIP
Apesar das ruínas e da morte, Onde sempre acabou cada ilusão, A força dos meus sonhos é tão forte, Que de tudo renasce a exaltação E nunca as minhas mãos ficam vazias.
Sophia de Mello Breyner Andresen, in 'Antologia Poética'